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 | 02/04/2009 18h55min

Oferta de adubo deve diminuir

Apesar da melhora nas vendas, indústria se prepara para escassez de matéria-prima

Atualizada às 21h31min Sebastião Garcia | Mogi das Cruzes (SP)

A oferta de adubos deve diminuir nos próximos meses no mercado e, em conseqüência, o preço para o produtor pode subir. A indústria está comemorando a melhora nas vendas nos primeiros meses deste ano, mas está se preparando para a escassez de matéria prima no segundo semestre. E os produtores também.

Faz tempo que o produtor rural Mário Okuyama não faz estoque de adubos. Não precisa mais. Atualmente ele não tem nem 20 sacas guardadas e já é o suficiente pra dois meses de aplicação na lavoura.

— Hoje o esquema é comprar só o necessário. Não se faz mais estoque. Há empresas de insumo que vendem perto da minha propriedade. Então praticamente eu trabalho com estoque de um ou dois meses no máximo — conta o produtor.

Okuyama é produtor de hortaliças em Mogi das Cruzes, SP. Apenas de alface, ele colhe 500 caixas por mês. O trabalho de plantio e colheita é quase diário neste tipo de plantação, assim como a aplicação de adubos.

O Estado de São Paulo está entre os maiores consumidores de adubos no país, ficando bem próximo, em participação no mercado, de Estados como o PR, MT e MG, que são grandes produtores de grãos. E se aquelas produções são referência para as estatísticas de preço a cada safra, produções como a de Okuyama são uma base bem interessante para a cotação de preços o ano todo.

O produtor diz que lembra quanto pagou por uma saca de fertilizante no ano passado: R$ 75. Depois, com a  com a crise, o preço começou a cair e em janeiro ficou em 53 reais. Ele diz que agora, percebeu que o preço está subindo de novo. A última saca que comprou no mês passado já teve que pagar R$ 66. E agora, está tentando negociar um novo preço pra outra compra que deve fazer esta semana.

— Nós vamos ter que fazer negociação através do preço à vista, não é? Existe preço a vista de 30 dias, mas se a gente quer negociar melhor tem que pagar no dia. Então aí a gente consegue um desconto de cinco ou 6%, que já é um grande desconto para nós — afirma Okuyama.

A tática do seu Mário, de pagar a vista, é a melhor, pra quem pode é claro, diz um dos diretores da Anda, a entidade  que trabalha na difusão de fertilizantes no mercado brasileiro. Eduardo Daher tem também uma explicação para os bons preços até agora para o produtor:  a valorização das commodities, como a soja,  que aumentou a demanda por insumos e fez cair a cotação.

Além disso, a liberação de R$ 2 bilhões do BB deu uma ajuda para os produtores de soja e milho, que anteciparam as compras. Por isso que nos dois primeiros meses deste ano as vendas surpreenderam a industria.

Em janeiro foram comercializadas 1,34 milhão de toneladas de fertilizantes. Quase 1,4 milhão em fevereiro e, certamente, será mais do que isso em março, aposta o setor. A dúvida é como vai ficar a situação a partir de agora, já que é preciso considerar ainda o fator crise.

— Vai depender muito do comportamento do clima e do preço das commodities, mas o fator limitante neste momento é crédito. Há uma tendência de novo no ano de 2009 de as pessoas deixarem suas compra para a última hora, o que pode ser um problema. Aí sim vale uma ressalva: nós podemos estar com problema de maior preço de frete no segundo semestre — diz Eduardo Daher.

O diretor-executivo da Anda diz ainda que isto irá impactar no custo e no custeio da propriedade.

— Infelizmente, o nosso mercado é oferta e procura. Então, quem faz o mercado não somos nós, mas sim ele próprio, e, infelizmente, temos que acompanhar o preço do mercado — conclui o produtor Mário Okuyama.

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