| 06/03/2009 19h12min
A crise financeira e o crédito escasso fazem com que os países tenham dificuldades em formar estoques de alimentos. O resultado é a queda nos preços das commodities agrícolas.
A turbulência econômica que começou nos Estados Unidos no ano passado diminuiu as operações bancárias em todo o mundo. O crédito ficou mais caro, e como a atividade econômica depende do sistema financeiro para se movimentar, todos os setores sofrem com a desaceleração da economia. Na agricultura voltada à exportação não é diferente.
– A crise é pesada lá fora e diminuiu muito a procura por todos os produtos que o Brasil exporta, principalmente as commodities agrícolas – afirma o economista Raul Velloso.
A sazonalidade da safra também provoca queda nos preços.
– Temos nesse momento o início da colheita de milho, soja e arroz. Isso faz com que a oferta se eleve e haja uma natural queda de preço – explica o superintendente de Gestão e Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Tavares.
Para ele, a saída é estocar os produtos a fim de evitar a oferta concentrada.
– Precisamos ter mecanismos que possam assegurar ao produtor ficar com esses estoques, ou seja, não comercializar de imediato.
A queda das commodities é traduzida em números. A soja brasileira, que atingiu a mais alta cotação em julho do ano passado – chegando a valer US$ 16,60 por bushel – hoje amarga uma redução de 48%.
– A crise lá fora é muito complicada. Ainda não vimos a luz no fim do túnel, e esse quadro difícil pode perdurar por uns dois anos, principalmente nas economias desenvolvidas – diz Velloso.
Com os preços perdendo velocidade e o reflexo disso no mercado interno, o consumidor acaba sendo beneficiado. A soja que deixa de ser vendida lá fora provoca queda no valor do óleo de cozinha vendido nos supermercados. Como resultado, a pressão inflacionária está menor. De acordo com analistas, esse cenário contribui para a redução na taxa de juros.
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