| 03/03/2009 19h09min
A falta de crédito e o menor consumo de álcool devem fazer com que a safra de cana do Centro-Sul seja açucareira. Em função da crise mundial, a previsão é de queda nas exportações de etanol. Enquanto isso os preços e a demanda em alta impulsionam as vendas do açúcar.
O Brasil avança como o principal fornecedor de açúcar no mercado mundial. O preço do produto subiu 20% desde dezembro. A alta das cotações é explicada pela quebra de safra na Índia, que vai produzir quatro milhões de toneladas a menos este ano. A União Européia também está reduzindo a produção e o déficit mundial deve chegar a 10 milhões de toneladas. Sem crédito e com encomendas menores de etanol, o bom momento do açúcar no mercado internacional pode ser a saída para os canavieiros.
– Certamente o setor não vai crescer na mesma proporção que cresceu nos últimos anos. Um mercado de açúcar muito bom e de etanol ruim não é o que nos queremos. Mas a crise é profunda e vai atravessar o ano – diz o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, que lançou, nesta terça, dia 3, o Ethanol Summit 2009 – um fórum internacional para discussão dos biocombustíveis, que ocorrerá nos dias 1º, 2 e 3 de junho, em São Paulo.
Nos últimos quatro anos, o setor sucroalcooleiro aplicou US$ 20 bilhões no Brasil. Mas este ano os investimentos devem cair muito e alguns projetos nem vão sair do papel. De acordo com a Unica, 2009 será um período de reestruturação e consolidação devido à fragilidade financeira das empresas. Quem passar bem pela crise vai comprar as usinas que não resistirem.
No Estado de Minas Gerais, 16 usinas tiveram projetos suspensos para aguardar uma nova realidade econômica. Outras cinco novas unidades devem entrar em funcionamento ainda este ano. O Estado é o segundo maior produtor de álcool e hoje conta com 36 empresas trabalhando na moagem da cana.
Apesar das dificuldades, o setor deve ser o único da área agrícola a contribuir com o saldo da balança comercial em 2009. De acordo com a consultoria Datagro, a expectativa é de que as exportações de açúcar aumentem 27% e alcancem US$ 7 bilhões este ano. No entanto, para o presidente da Unica , isso só deve acontecer com a ajuda de um conjunto de medidas.
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