| 21/02/2009 13h30min
Compreender as características da fotossíntese na cana-de-açúcar e os mecanismos de fixação de energia da planta é um passo fundamental para melhorar a produtividade da planta na produção de etanol.
Durante o Workshop BIOEN/PPP Ethanol on Sugarcane Photosynthesis, realizdo nessa semana, cientistas brasileiros e suecos mostraram como pretendem articular pesquisas na área a fim de enfrentar esse desafio. O evento, que integrou as atividades do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), foi realizado na sede da Fundação, em São Paulo.
De acordo com Marcos Buckeridge – um dos responsáveis pela seção de Biomassa do BIOEN e um dos coordenadores da área de biologia da Fapesp – a fotossíntese da cana-de-açúcar pode, em tese, ser melhorada artificialmente, o que aumentaria a produtividade da planta.
– Em nossas pesquisas, descobrimos quatro genes que estão associados ao aumento da captura da luz pela planta. Temos a possibilidade prática de usá-los para desenvolver um transgênico que estimule esse efeito, aumentando artificialmente a produtividade da cana – disse Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).
Fundador e diretor do Laboratório de Fisiologia Ecológica de Plantas (Laifeco) do IB-USP, Buckeridge é pioneiro em experimentos sobre a resposta das plantas às mudanças climáticas e às emissões de CO2.
As plantas possuem, em suas células, dois sistemas ligados à fotossíntese: um deles captura a luz e o outro é responsável pelas reações bioquímicas.
– Esses sistemas estão conectados. Fizemos experimentos que submetiam as plantas a um alto fluxo de dióxido de carbono e, para nossa surpresa, a maior presença do carbono aumentou a captura de luz. Mas não sabemos como isso ocorre – apontou.
Durante o workshop, o professor Fikret Mamedov, da Universidade de Uppsala, na Suécia, apresentou resultados de estudos sobre os dois sistemas fotossintéticos e sugeriu algumas hipóteses para o melhor funcionamento do complexo sob o fluxo aumentado de CO2.
– Nossas pesquisas sobre a dinâmica da membrana tilacóide [membrana interna dos cloroplastos] da planta mostram que, talvez, a presença de um carbonato possa explicar o aumento da velocidade da fotossíntese quando há elevação do carbono no ambiente – disse.
No Departamento de Fotoquímica e Ciências Moleculares da Universidade de Uppsala, Mamedov estuda sistemas fotossintéticos das plantas empregando novas metodologias. De acordo com Buckeridge, a interação entre os estudos brasileiros e suecos poderá ajudar a encontrar respostas.
– Eles possuem as técnicas de que precisamos para entender o que está ocorrendo. Já concordaram em receber pesquisadores nossos na Suécia para nos aprofundarmos nas pesquisas que eles fazem, em especial sobre as proteínas relacionadas a esse processo – disse.