| 10/02/2009 15h58min
Ainda pressionada pela carência de crédito para capital de giro e para financiar as exportações, a indústria de frango promoveu um corte de 13% nos alojamentos de pinto de corte no país desde outubro passado. Em janeiro, o número de aves alojadas alcançou 430 milhões de unidades – em outubro de 2008, eram 496 milhões, segundo o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Antônio Mendes.
A redução do alojamento por parte das indústrias do setor - parte delas estocadas por causa da queda das exportações brasileiras de carne de frango - foi uma recomendação da UBA após o recrudescimento da crise financeira internacional, a partir de setembro do ano passado. A meta da UBA é uma diminuição de 20% nos alojamentos de pintos.
Outro indicador que mostra que o setor decidiu mesmo pôr o pé no freio é o alojamento de matrizes de corte (as mães dos pintos de corte que se tornarão frangos para o abate). Segundo Mendes, o alojamento de matrizes em janeiro caiu para 3,550 milhões de unidades, cerca de 10% abaixo da média de 4 milhões.
Para reduzir o alojamento das matrizes - que define a capacidade de produção do setor -, a indústria está antecipando o descarte das aves. Geralmente, elas produzem por 66 a 68 semanas. A recomendação da UBA para que não haja excesso de produção de frango no país é que o período caia para 60 semanas.
– As empresas estão sendo obrigadas a reduzir (a produção) na marra, Por que não têm crédito para capital de giro e exportação – afirmou o presidente da UBA, logo após solenidade em São Paulo, em que os setores exportadores de carne de frango e de carne suína entregaram reivindicações ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge.
Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), disse que o setor ainda vive carência de ACCs (adiantamento de contratos de câmbio).
– Entre o anúncio e a implementação há uma distância imensa – afirmou.
Em tom de ironia, o dirigente disse que os bancos têm medo dos exportadores como o "diabo tem medo da cruz".
Segundo ele, o quadro preocupa e as vendas ao Japão e aos países do Oriente Médio já recuam. Desde outubro passado, os volumes totais exportados pelo Brasil caíram cerca de 120 mil toneladas, disse Turra. Os números de janeiro ainda não foram divulgados. Em 2008, as exportações totalizaram 3,6 milhões de toneladas.
AGÊNCIA SAFRAS