| 05/02/2009 09h04min
Produtores gaúchos de arroz que temiam a falta de água nos reservatórios e faziam estimativas de perdas na produção em função da estiagem estão mais tranquilos. Os 239,3 milímetros de chuva que caíram sobre a Fronteira Oeste e região da Campanha nos últimos 10 dias foram suficientes para espantar, pelo menos por enquanto, o fantasma da quebra na produção.
Na região da Campanha, Dom Pedrito é o município onde a estiagem mais castigou o arroz. Cerca de 10% da área plantada – 9 mil hectares – , terão problema de produtividade do grão por causa da falta de água. Na maioria desses locais, o arroz estava em fase adiantada, já no cacho, e as perdas são irreversíveis.
Para a maioria das lavouras do Estado, entretanto, a chuva reverteu as piores expectativas. Em Bagé, o presidente da Associação dos Arrozeiros, Ricardo Zago, previa uma quebra de 30% dos 12 mil hectares plantados se não chovesse dentro de 10 dias.
– Os 50 milímetros que choveram em Bagé foram suficientes para amenizar o problema. Aqui, diferentemente da Fronteira Oeste, onde muitos produtores têm barragem, o pessoal usa recursos naturais para abastecer a lavoura. E os mananciais estavam muito baixos – argumenta Zago.
O engenheiro agrônomo do Instituto Riograndense do Arroz na cidade, Ronaldo Goettems, não era tão pessimista em relação às perdas, mas concorda com Zago no que diz respeito ao alívio do produtor em função das últimas precipitações.
– Os produtores mais prejudicados eram aqueles que puxam água do Rio Negro e dos arroios Piraí e São Luís. Esses estavam correndo risco de perder parte de suas lavouras, mas a área não corresponde nem a 10% da área plantada no município. Com a chuva, tudo melhorou – expõe.
O supervisor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga, Luís Antônio de Leon Valente, observa que é muito cedo para falar em prejuízos na safra.
– A chuva tranquilizou o produtor que estava com reservas baixas. De modo geral, não há com o que se preocupar. Vamos ver como o tempo se comporta daqui para frente – diz.
Na região Sul, o volume intenso de chuva causou danos pontuais. Segundo o engenheiro agrônomo do Irga em Pelotas, Marcus Souza Fernandes, as lavouras do município foram as mais atingidas, com registro de 600 milímetros de chuva. A estimativa do Irga é de que 1,5 mil hectares de arroz foram atingidos, sendo 870 com maior intensidade.
– No contexto do Estado, não fará diferença. Mas pontualmente é uma grande perda para produtores, que terão significativa baixa de produtividade em suas áreas – conclui Fernandes.
ZERO HORA