| 20/01/2009 17h52min
Análise divulgada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que as mudanças climáticas e turbulências da crise financeira vão continuar gerando impacto na produção de grãos neste ano, assim como ocorreu em 2008.
De acordo com o pesquisador Lucílio Alves, 2009 começou com muita preocupação em relação à situação das lavouras no país. Ele cita entre os problemas as restrições ao crédito, a alta dos insumos e o decréscimo da demanda. Em decorrência disso, em algumas regiões, já estão ocorrendo demissões de funcionários nas fazendas.
– Há estimativas do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] apontando menor produtividade agrícola em virtude desse fatores. E, o mais preocupante, tudo indica que, na safra seguinte, 2009/2010, a situação possa ser pior no campo para o agronegócio brasileiro – disse o pesquisador do Cepea em entrevista à Rádio Nacional.
De acordo com Alves, o Cerrado foi a região que mais sofreu com as dificuldades de acesso ao crédito, o que levou muitas fazendas a demitir grande parte dos funcionários e a restringir as tecnologias usadas nas lavouras de grãos. Ele também ressaltou o problema da seca em Mato Grosso do Sul.
– Isso pode diminuir a oferta dos produtos agrícolas. Estamos vendo colheitas com produções extremamente baixas, talvez as menores da história.
Outro ponto relevante na análise do Cepa, segundo Alves, é a menor demanda internacional pelos produtos agrícolas brasileiros.
– Isso pode afetar em parte a entrada de recursos no Brasil, tanto do setor de grãos quanto do setor de cargas – observou.
Para o pesquisador, a intervenção do governo, embora considerada viável, é uma opção impossível, pois o país não tem recursos suficientes para colocar a medida em prática.
– Em 2009, a rentabilidade do setor vai ser extremamente apertada, e aí busca-se o governo. Provavelmente será necessária alguma intervenção, mas não há recursos disponíveis para que ela se faça em grandes volumes para que alivie a renda do setor agrícola.
AGÊNCIA BRASIL