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 | 18/01/2009 18h47min

Crise não deve afetar produção nem consumo de café no Brasil, diz presidente da Abic

Entidade projeta crescimento de 5% neste ano

A crise econômica, que começa a afetar vários setores da economia brasileira, não deverá atingir o consumo, nem a produção de café no país. A expectativa da Associação Brasileira das Industrias de Café (Abic) é de crescimento de 5% na produção e consumo este ano.

– O café é um produto de consumo diário, tradicional do povo brasileiro. O custo do café é baixo para os consumidores e, por isso, não enxergamos motivo para queda no consumo –afirmou o presidente da Abic, Natan Herszkowicz, em entrevista à Rádio Nacional.

Segundo ele, além do consumo, a própria produção nos últimos anos está crescendo em todas as direções. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, há mais de um século.

– Produzimos muito mais do que os concorrentes. Exatamente por isso, o Brasil é o maior exportador e o segundo maior consumidor de café. O brasileiro gosta de beber café – pesquisas da Abic indicam que 97% da população acima de 15 anos declaram que consomem e que vão continuar consumindo em 2009 – argumentou.

A cafeicultura brasileira caracteriza-se por ser bianual, ou seja, num ano a árvore produz muito, no outro, produz menos.

– Em 2008, tivemos uma safra grande, quase um recorde, com 46 milhões de sacas colhidas. Neste ano, então, o setor cafeeiro vai produzir naturalmente menos – explicou Herszkowic.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que neste ano sejam colhidas cerca de 38 milhões de sacas, 19% a menos do que no ano passado. Porém, com os estoques remanescentes e a soma destes com a safra nova, a colheita deve ser suficiente para que o setor tenha bom desempenho tanto nas exportação quanto no suprimento do mercado interno.

Herszkowic ressaltou que a cafeicultura brasileira é muito competitiva e moderna.

– É uma das mais competitivas do mundo, mas tem se expandido não em área, e sim em aumento de produtividade. Estamos com a mesma área produtiva de 15 anos atrás, mas a produção e a quantidade de café colhida por árvore ou por unidade de hectare dobraram. Foi mais do que o esperado.

Para ele, o único ponto negativo é a questão cambial, que não tem gerado rentabilidade para o setor e tem afetado a cafeicultura e a indústria exportadora. Os preços do café têm ficado estáveis nos últimos quatro anos para os consumidores, mas o custo de produção tem subido.

De acordo com Herszkowic, para combater os prejuízos, os produtores contam com recursos do Fundo de Defesa da Cafeicultura, do Ministério da Agricultura, que cobre os gastos com estocagem, e com outros programas, inclusive de pesquisas.

Cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vem do café. Em 2008, o setor gerou R$ 15 bilhões. Apesar de ter diminuindo sua importância relativa na pauta de exportações, o café continua sendo um negócio importante. Segundo Herszkowic, mais do que do ponto de vista econômico, o café é a cultura que socialmente mais contribui, porque emprega de 6 a 8 milhões de pessoas no país.

AGÊNCIA BRASIL

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