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 | 11/01/2009 15h49min

Pesquisadores descobrem refúgio de araras-azuis no Pará

Uma das principais ameaças contra a espécie é o tráfico de animais

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Arara-Azul foram surpreendidos com a descoberta de um refúgio com 28 ninhos de araras-azuis na Floresta Nacional dos Carajás, localizada no sudeste do estado do Pará.

A bióloga Sílvia Presti, que participou da expedição, falou sobre a descoberta em entrevista à Rádio da Amazônia, da EBC. Segundo ela, a descoberta do refúgio é importante, pois as novas informações são úteis para a criação de uma plano de conservação da espécie.

– É um estudo inicial, mas foi interessante, pois conseguimos identificar os hábitos alimentares das araras, as áreas de ocorrência de ninho e coletamos sangue para estudo genético, que é importante para plano de conservação – afirmou.

Durante um mês, cinco pesquisadores passaram na Floresta dos Carajás investigando a espécie.

– Sabíamos que o Pará é o local de ocorrência da espécie, mas a gente esperava encontrar um número menor de indivíduos do que foi encontrado – disse a bióloga.

Diariamente, o pesquisadores percorriam as regiões do parque à procura da espécie. Sílvia conta que a busca foi difícil.

–Demoramos uma semana para encontrar o primeiro casal. O refúgio foi encontrado após duas semanas de trabalho com a ajuda da população local. Nós conhecemos uma pessoa e ela disse que tinha um ninho de araras azuis em sua comunidade. O grupo foi até o local e identificou os ninhos – contou a pesquisadora.

O estudo iniciado na USP tem o objetivo de pesquisar a genética da arara-azul, comparando as diferentes populações da espécie no Brasil. De acordo com a bióloga, o maior número de araras-azuis é encontrado no Pantanal. Na região localizada entre os estados da Bahia, do Piauí e de Tocantins também existe uma população da espécie, que é pouco pesquisada.

– O estudo nessa área é dificultoso, pois os ninhos são instalados em paredões e não em árvores – ressaltou a pesquisadora.

Outro ponto destacado por Sílvia é que as populações das três áreas são independentes.

– Elas não trocam genes entre si. Isso tem uma implicação evolutiva. Talvez daqui a milhares de anos essas populações possam ser espécies diferentes – disse a pesquisadora.

Uma das principais ameaças contra a espécie é o tráfico de animais. De acordo com Sílvia, existe um número razoável de araras-azuis na natureza, mas são necessárias ações de conservação e de conscientização da população para evitar a extinção.

– Estamos lutando muito em prol dessa população. Cultivando a arara-azul a gente não preserva só a espécie, mas todo o ambiente em que a espécie está inserida – afirma a bióloga.

AGÊNCIA BRASIL
Mauro Vieira / 

Durante um mês, cinco pesquisadores ficaram na Floresta dos Carajás investigando a espécie
Foto:  Mauro Vieira


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