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 | 10/01/2009 10h10min

Pesquisadores da Embrapa buscam soluções para enfrentar aquecimento global na agricultura

Estudo aponta que o aumento da temperatura no planeta pode causar prejuízo de R$ 7 bilhões à produção agrícola brasileira em 10 anos

Os estresses climáticos causados pelo aquecimento global deixam o Brasil em situação vulnerável já para a safra de grãos de 2020. O aumento da temperatura pode gerar perdas financeiras da ordem de R$ 7,4 bilhões até lá e alterar profundamente a geografia da produção agrícola no Brasil. Os dados são da pesquisa Aquecimento Global e a Nova Geografia de Produção, realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O estudo aponta para um prejuízo de mais de 20%, só no caso da cultura da soja. O café terá uma redução de quase 10% de área em 12 anos, tornando inviável a sobrevivência no Sudeste, enquanto a mandioca pode desaparecer da região do semiárido.

Por outro lado, a região Sul, restrita a culturas adaptadas ao clima tropical por causa do alto risco de geadas, deverá experimentar uma redução desse evento extremo, tornando-se propícia ao plantio de mandioca, café e cana-de-açúcar, e não mais ao da soja, uma vez que a região deve ficar mais sujeita a estresses hídricos. De acordo com a pesquisa, a cana-de-açúcar pode se espalhar pelo país a ponto de dobrar a área de ocorrência, passando dos atuais seis milhões para 17 milhões de hectares, rendendo R$ 27 bilhões mais que a safra de 2006.

De acordo com o estudo da Embrapa, nesse cenário que parece desolador o Brasil ainda não está em risco, mas o modo de plantio precisa ser mudado. Algumas perdas podem ser inevitáveis, afinal o país só agora começou a se atentar para formas de evitar os impactos das mudanças climáticas.

O estudo alerta que se não forem tomadas ações para mitigar esses efeitos e adaptar as culturas à nova situação, plantas deverão migrar para regiões em busca de condições climáticas favoráveis. Áreas que atualmente são as maiores produtoras de grãos podem não estar mais aptas ao plantio bem antes do fim deste século.

Para o pesquisador da Embrapa Eduardo Assad, autor do estudo, o mais importante é investir em pesquisa.

– Sem isso, não adianta querer mudar simplesmente de um local para outro. É preciso planejamento – afirma.

Levantamentos da Embrapa, de empresas estaduais de pesquisa e de universidades brasileiras vêm buscando soluções. Em termos de adaptação, variantes genéticas de soja, milho, feijão, café, mandioca e algumas frutas mais tolerantes às altas temperaturas e escassez de água estão sendo desenvolvidas em laboratório. Simultaneamente são pesquisadas medidas preventivas de mitigação do problema.

Diversas práticas agrícolas conhecidas podem diminuir as emissões de carbono e aumentar o sequestro de gás da atmosfera, como a integração lavoura e pecuária, a utilização de sistemas agroflorestais e o plantio direto. A idéia é otimizar o solo e melhorar o manejo das culturas e das áreas de pastagens.

Eduardo Assad alerta que o objetivo do estudo é mostrar a vulnerabilidade do país.
– Tudo está perdido? Não. Fechar os olhos para isso é que não podemos, pois temos como evitar. Não teremos um problema de segurança alimentar por irresponsabilidade.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

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