| 12/12/2008 19h09min
Especialistas afirmam que os efeitos do pacote de redução de tributos anunciado pelo governo não devem ser sentidos no campo. A decisão da área econômica foi criticada por não diminuir a tributação sobre os produtos agrícolas.
Para estimular o consumo e aquecer a economia neste fim de ano o governo federal lançou um pacote que altera a cobrança do Imposto de Renda de Pessoas Físicas, reduz a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e ainda diminui o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóveis. Para o economista Jorge Nogueira, professor da UnB, o conjunto de medidas dificilmente beneficiará os agricultores.
– Se tiver sucesso e o consumo se mantiver, o consumo de produtos agrícolas também permanecerá. Esse é o único efeito possível, mas é indireto e de intensidade muito pequena. Mais uma vez o pacote do governo deixou o setor agropecuário de fora.
O consultor em agronegócio Hélio Tollini acredita que as mudanças nas alíquotas do Imposto de Renda deveriam ter beneficiado uma parcela maior da classe média, o que incluiria os produtores rurais. Ele afirma que se a intenção do governo é movimentar a economia, deveria ter aliviado também os impostos sobre os produtos agrícolas. Segundo o especialista, além de evitar uma onda de demissões no campo, a medida beneficiaria o consumidor com alimentos mais baratos.
– Porque a população brasileira é organizada e, de modo geral, de baixa renda, e os alimentos têm uma elasticidade muito baixa. O povo tem que comer e comprar, e reduzir preços dos alimentos é um dos itens mais importantes na geração de bem-estar do povo.
O governo calcula que, com todas as medidas juntas, em torno de R$ 8,5 milhões devem ser injetados no mercado. A intenção do governo é entrar 2009 com a economia aquecida e encerrar o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 4%. Alguns economistas acham a meta otimista demais para as medidas adotadas até agora.
– As medidas foram na dimensão correta, mas na dose muito pequena. Eu acho pouco provável que com as medidas tomadas, até agora, a economia brasileira vá conseguir crescer de 2% a 3% no ano que vem – diz Nogueira.
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