| 01/12/2008 07h11min
Afetadas pelo esfriamento econômico ocasionado pela crise mundial, fábricas catarinenses começam a redefinir seus períodos de férias coletivas com objetivo de evitar excedente de produção. Comuns na época de final do ano, os recessos determinados pelas empresas estão sendo antecipados e estendidos em alguns segmentos.
A Tupy, indústria de fundição de Joinville, determinou férias de 21 a 33 dias. Até então, a fábrica mantinha a operação no limite de sua capacidade e, nos últimos quatro anos, alguns departamentos chegaram a ter recesso apenas entre Natal e Ano Novo. Desta vez, os 6,5 mil empregados começam a parar a partir de 8 de dezembro, e até o dia 22 todos departamentos terão iniciado o recesso.
A assessoria da empresa indica que a medida serve "como um amortecedor" para amenizar os efeitos da crise. Além do esfriamento da demanda externa, foi registrada queda nas encomendas no mercado interno. Cerca de 85% da produção da Tupy atende o setor automobilístico, com 55% destinada ao mercado externo.
Para a direção do sindicato dos trabalhadores do setor, a ampliação no recesso de fim de ano também ocorrerá em outras fábricas, que devem anunciar sua decisão imediatamente. O secretário geral da entidade, Sebastião de Souza Alves, afirma que a maior preocupação é se, quando voltarem das férias, os empregados ainda terão suas vagas mesmo permanecendo a redução na demanda.
– Estamos dispostos a negociar para manter os empregos – afirma.
Nas fábricas de compressores e refrigeradores de Joinville, as férias coletivas também serão ampliadas. A Embraco antecipou o início do recesso em uma semana, de 22 para 15 de dezembro, na área produtiva, com duração entre 20 e 30 dias. O objetivo é ajustar a capacidade de produção à demanda e equilibrar os estoques.
O presidente do sindicato laboral, Rolf Decker, indica que nas demais fábricas o recesso de final de ano, em geral entre 10 a 20 dias, será estendido para até 30. Ele explica que clientes solicitaram que as fábricas adiem a entrega dos produtos encomendados devido a dificuldades em vendê-los. Esta será a quarta vez no ano que empresas do setor determinam paralisação em alguns de seus departamentos.
No segmento mecânico de Joinville, onde a paralisação de final de ano não é praxe em todas fábricas, mais empresas devem aderir ao recesso. O secretário geral do sindicato dos trabalhadores, Evangelista dos Santos, afirma que elas ainda não fizeram comunicados, mas é provável que haja paralisações com objetivo de reduzir a produção diante do esfriamento da demanda.
DIÁRIO CATARINENSE