| 25/10/2008 10h18min
Em plena expansão depois de uma crise de dois anos, o setor de máquinas agrícolas teve nesta sexta, dia 24, um sinal de que a crise mundial pode frear o ritmo de produção. A John Deere começou a demitir na noite de quinta 200 funcionários da fábrica de Horizontina, no noroeste do Rio Grande do Sul.
As demissões são justificadas pela crise financeira mundial e, principalmente, pela seca prolongada na Argentina, maior comprador externo das máquinas fabricadas na unidade. Na última semana, foram cancelados cerca de 300 contratos de colheitadeiras que sairiam da fábrica gaúcha para os argentinos.
Como a empresa planejara um crescimento de 30% na produção para 2009, havia contratado 300 pessoas em Horizontina nos últimos três meses. A partir de novembro, passaria a fabricar 24 colheitadeiras por dia, em vez das atuais 17.
Porém, com a crise no país vizinho associada à turbulência global, a produção será de 20 máquinas por dia. Parte da mão-de-obra contratada para atender à demanda projetada será dispensada. A Argentina vive a pior seca dos últimos 20 anos. A chuva está abaixo da média desde 2007, por causa do fenômeno La Niña.
Conforme o gerente de recursos humanos da John Deere em Horizontina, Edinei Schemes, as demissões ocorreram devido à readequação do planejamento de produção. A previsão de crescimento para 2009 ainda é mantida pela empresa, mas num percentual de 11%.
De acordo com o gerente, a marca de 20 colheitadeiras por dia representa um recorde histórico. Schemes acrescenta que parte dos demitidos ainda estava em treinamento. Na semana passada, a empresa havia informado que não pretendia mudar o ritmo e o volume de produção.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Metalúrgicas de Horizontina, Alcindo Kempfer, recebeu a informação das demissões na noite de quinta-feira. A primeira turma foi dispensada no mesmo dia.
– Tivemos reunião com eles na terça-feira e não se falou em demissões – comenta Kempfer, preocupado com o desemprego na região.
Neste sábado, dia 25, a diretoria da entidade se reúne para avaliar a situação.
A unidade de Horizontina tem 2,6 mil funcionários, que residem no município e em cidades vizinhas. Com a crise de 2005 e 2006, cerca de mil pessoas perderam o emprego no setor metalmecânico nos arredores de Horizontina, diz Kempfer. Essa mão-de-obra foi recuperada a partir de 2007, quando houve a reação do setor.
– A notícia nos causa apreensão. Já percebemos até preocupação nos fornecedores de peças – diz o secretário da Indústria, Comércio e Turismo da cidade, Egon Klaesener.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul, Claudio Bier, as demissões ocorridas no município de Horizontina são pontuais.
ZERO HORA