| 24/09/2008 19h10min
Especialistas alertam que o principal impacto da crise norte-americana na agricultura brasileira vai ser a falta de crédito no mercado. Tanto bancos públicos quanto privados vão ser mais rígidos na liberação dos financiamentos para a próxima safra de grãos. E o produtor já começa a pensar em reduzir os investimentos nas lavouras.
As incertezas no mercado financeiro, provocadas pela crise nos Estados Unidos, fizeram os investidores buscar opções mais seguras do que as commodities agrícolas, como os títulos emitidos pelos governos. Há uma semana faltam recursos no mercado, onde as instituições financeiras buscam dinheiro para os empréstimos.
Esse é o caso das tradings, empresas que compram a produção antecipada e são as principais financiadoras da safra brasileira. Marcos Matos, técnico de gerência de mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras, diz que a tendência é de que bancos públicos e privados segurem os financiamentos e sejam ainda mais rigorosos nas análises de crédito.
– As cooperativas vão sofrer esses reflexos da mesma forma que o Banco do Brasil e, no caso, o produtor rural vai sentir essa demora nesse início de safra.
Com a restrição ao crédito e expectativa de que os preços dos insumos continuem subindo, os produtores já começam a reduzir os investimentos no campo. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, no ano que vem, o nível tecnológico das lavouras vai diminuir, o que pode comprometer a produtividade. Com menos investimentos nas lavouras o produtor pode sofrer com a redução da rentabilidade.
– Como tem uma tendência de restrição do crédito este ano, possivelmente não vai ser resolvido para a próxima safra, 2009/2010, o que ele não conseguir melhorar de rentabilidade este ano, ele terá mais dificuldades para o plantio da safra seguinte – avalia Rosemeire dos Santos, assessora técnica da CNA.
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