| 04/09/2008 15h50min
Os Estados Unidos devem voltar a importar carne bovina industrializada brasileira em outubro. A expectativa foi manifestada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca, nesta quinta, dia 4, em entrevista ao programa Mercado e Companhia.
– A fiscalização dos Estados Unidos para a carne industrial está sendo concluída, em princípio, com boas informações – disse Gianetti, direto de Esteio (RS), onde participa da Expointer.
O comércio entre os dois países foi interrompido em agosto, por causa de uma decisão do governo americano, que suspendeu as habilitações de dois frigoríficos brasileiros. O argumento foi o de que há divergências nos sistemas de auditoria de unidades produtivas.
De forma preventiva, a indústria brasileira de carne decidiu interromper os embarques até que as divergências fossem superadas, conforme havia confirmado o próprio presidente da Abiec, em entrevista ao programa Agribusiness, em 1º de agosto. Na ocasião, Gianetti argumentou que a medida visava evitar que toda a indústria frigorífica fosse embargada.
Na tentativa de resolver a situação, o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, foi para os Estados Unidos, onde conversou com autoridades do Departamento de Agricultura (USDA). A expectativa inicial do secretário era de que já no início deste mês os negócios fossem normalizados, o que acabou não ocorrendo.
Chile
Roberto Gianetti da Fonseca disse também que o Chile pode liberar o mercado para a carne bovina em outubro, a exemplo do que já fez com a carne suína. O presidente da Abiec disse que participou de reuniões com o governo chileno, em que foi exigida a fiscalização.
– O Chile fará uma nova fiscalização do Brasil em outubro que eu tenho quase certeza, pelo que conheço, pelo que ouvi, vamos ter também a aprovação das autoridades chilenas. Certamente é mais uma melhoria da nossa condição sanitária aos olhos do mundo, uma vez que o Chile é muito referenciado como bom controlador da qualidade da proteína animal.
O presidente da Abiec avaliou de forma positiva a participação das autoridades brasileiras nas negociações para liberar mercados para a carne bovina. Segundo ele, tem sido feitos encontros com representantes de outros países em Embaixadas do Brasil.
– É um trabalho de convencimento de que a carne brasileira tem qualidade.
União Européia
Sobre as exportações para o bloco europeu, Roberto Gianetti da Fonseca informou que o número de propriedades brasileiras habilitadas a embarcar carne deve chegar a mil no início do ano que vem. São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul são os Estados maior capacidade exportadora têm fazendas autorizadas.
Gianetti disse considerar normal o atual ritmo de habilitações concedidas aos pecuaristas brasileiros.
– Rastreabilidade exige maturação. Tem todo um trabalho de planejamento, implementação e, muitas vezes, há uma certa lentidão, tanto da parte privada, dos fazendeiros, quanto do próprio governo na formulação das regras e procedimentos. Mas superamos a letargia inicial e estamos a passo acelerado.
O presidente da Abiec defendeu um investimento “sério” em erradicação da febre aftosa, buscando a classificação como livre de aftosa sem vacinação.
– O governo tem muita responsabilidade, mas também cabe ao setor privado tomar iniciativas.
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