| 01/09/2008 14h31min
Os produtores de leite estão preocupados. Foi o que afirmou o diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) Amauri Miotto durante a 31ª Expointer, em Esteio. Segundo ele, havia uma expectativa de que o leite seria um grande negócio, o que estimulou o setor, mas a situação mudou.
– O grande problema está daqui para frente. Nós tivemos uma queda de preço de 20% nos últimos três meses e, com ameaças de baixas ainda maiores. Se não bastasse isso, o aumento dos insumos para a produção de leite nos deixa quase que em desespero para produzir.
Miotto defendeu que é preciso repensar o processo de produção de leite no Brasil. Um trabalho que, segundo ele, deve envolver também o governo, indústria e a própria sociedade.
– O produtor está em uma situação em que pode reverter o quadro, mas, se isso perdurar por mais seis meses, teremos novamente a desestruturação de uma cadeia que o Brasil soube organizar.
Na avaliação dele, a atual situação, que chama de superoferta de um produto essencial, é momentânea, mas suficiente para “arrebentar com a produção.”
Questionado sobre o fato do produtor receber pouco pelo leite, o secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, respondeu que a indústria está “no meio do processo”. Ele se diz otimista sobre os negócios do setor leiteiro, mas avalia que a fase atual é de ajustes.
– O Brasil era um grande importador de lácteos, hoje é exportador. Hoje há barreiras de mercado para colocar esse produto e a própria cotação do dólar, que tivemos um revés nos últimos 60 dias. Agora começa a alinhar de novo.
Segundo ele, o preço do leite em pó, principal produto lácteo exportado pelo Brasil, é “excepcional”, mas a desvalorização da moeda americana em relação ao real causa impacto negativo sobre a atividade exportadora. Darlan Palharini acredita ainda que o atual cenário de superoferta é normal nessa época do ano.
– Nós temos uma entressafra no restante do país e, na região Sul, colocamos esse produto. Essa situação não ocorreu, como é o normal em anos anteriores. Acreditamos que a variação de preço, de ajuste ao produtor, o próprio insumo começa a dar uma recuada, a expectativa positiva continua no setor de lácteos.
Palharini concorda que é preciso uma ampla discussão sobre a produção de leite no país que envolva governo e setor produtivo. Para ele, a cadeia produtiva do leite é uma das que tem a melhor distribuição de renda na produção primária.
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