| 21/08/2008 10h44min
O Brasil receberá em setembro uma missão da China para verificar a sanidade do rebanho, especialmente suíno. A informação foi dada pelo secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, em entrevista ao Estúdio Rural nesta quinta, dia 21.
Segundo Porto, as autoridades chinesas devem permanecer em território brasileiro entre um e dez de setembro.
– Nossa expectativa, e nossa Embaixada na China está cuidando disso, é de abrir o mercado de carnes para poder equilibrar um pouco mais o comércio.
Porto destacou que a balança comercial com a China é desfavorável ao Brasil e disse acreditar que os produtos agrícolas são o principal trunfo do país para mudar a situação. Acrescentou que o gigante asiático responde, atualmente, por 19% das exportações do Brasil. É o principal destino agrícola, considerando países individualmente.
– Se considerarmos países individuais, [a China] tornou-se o principal destino, enquanto os Estados Unidos têm perdido importância – analisou Célio Porto, em entrevista ao Estúdio Rural.
O secretário revelou, porém, que o aumento dos negócios com a China traz também motivos de preocupação. De acordo com Célio Porto, além da grande participação individual, as exportações são bastante concentradas no setor de soja.
– Preocupa haver uma concentração em um único país e em um único produto – disse Porto.
Preço
Na avaliação de Célio Porto, o fator preço foi determinante para a manutenção dos resultados do Brasil nas exportações de produtos agrícolas. Ele reconheceu que, em alguns setores, o volume exportado até caiu, mas a alta nas cotações compensou.
Segundo Porto, mesmo com uma ligeira queda nas compras, por causa do recente embargo à carne bovina, a União Européia se manteve como a principal cliente do agronegócio brasileiro. O bloco ainda responde por cerca de um terço das exportações de produtos agrícolas do Brasil.
No caso específico do comércio com a China, caso não tivesse havido o recente ciclo de alta nos preços das commodities, a situação do Brasil seria ainda mais desfavorável.
– Um déficit que foi de US$ 1 bilhão nos primeiros sete meses, teria sido de US$ 4,5 bilhões se os preços não tivessem subido tanto.
Sanidade
Célio Porto reconheceu que a sanidade ainda é um dos principais problemas enfrentados pelo Brasil, especialmente nos produtos de origem animal. O secretário das Relações Internacionais do Ministério da Agricultura avaliou que, mesmo se as negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, tivessem obtido sucesso, não significaria necessariamente a abertura de novos mercados.
– Tarifas menores e cotas não significavam a abertura de mercados como o Japão, México, Coréia, que têm restrições sanitárias porque não aceitam o princípio da regionalização [pelo qual a situação de cada área é considerada individualmente, mantendo o status sanitário de uma região enquanto há problemas em outra].
Ele garantiu que tem sido feito “um grande esforço” pelo Ministério da Agricultura, em conjunto com os Estados, para garantir a sanidade no Brasil. Mas considerou que a maior demanda por determinados produtos influi na manutenção da qualidade.
– É mais fácil a gente se disciplinar e ter mais adesão dos produtores para a melhorar a qualidade sanitária quando o mercado está com mais dificuldade de acesso do que quando está mais comprador, como agora.
CANAL RURAL
O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura foi entrevistado por Carolina Bahia no Estúdio Rural
Foto:
Produção, Canal Rural