| 11/08/2008 07h09min
As perdas nas safras de grãos, causadas pelas mudanças climáticas, poderão chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, dobrando para R$ 14 bilhões em 2070, de acordo com o estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”.
A pesquisa foi realizada pela Universidade de Campinas (Unicamp) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os resultados serão divulgados nesta segunda, dia 11, pelas instituições na abertura do 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, em São Paulo.
Segundo informou o engenheiro agrônomo Hilton Silveira Pinto, da Unicamp, esse valor foi estimado em função da diminuição da área de produção e da produtividade.
O café, por exemplo, apresenta tendência de sair das áreas tradicionais, que são os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e passar a ser cultivado no Sul da Bahia, em 2050. A diferenciação é obtida na comparação das extensões que são perdidas com as novas áreas de produção.
A agricultura brasileira já vem experimentando queda da produção de algumas culturas. Hilton Silveira chamou a atenção para o fato de que a compensação tecnológica pode minimizar os efeitos do aquecimento global, projetado já para o ano de 2020.
Ele explicou que um pequeno aumento da área de cultivo, acompanhado do grande aumento da produtividade promove essa compensação.
– Se você aplicar técnicas corretas e desenvolver novas variedades, certamente pode compensar (os efeitos do) aquecimento global com novas tecnologias. Esse é o caminho que nós indicamos.
As projeções mostram que as perdas serão de até R$ 8 bilhões para a soja em 2070. Esse valor corresponde à metade das perdas previstas para a agricultura na ocasião.
No cenário mais otimista estabelecido pelo estudo, as culturas analisadas, excluindo cana e mandioca, devem experimentar um prejuízo anual de produção que varia de R$ 6,7 bilhões, em 2020, até R$ 12,2 bilhões, em 2070. Em contrapartida, o país “poderá ganhar entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões com a cana-de-açúcar”, disse Silveira.
AGÊNCIA BRASIL