| 25/07/2008 15h18min
Estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que dois dos principais itens da alimentação dos brasileiros superaram a inflação dos últimos oito anos. Segundo economista André Braz, autor da pesquisa, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor-Brasil (IPC-BR) subiu 69,41% entre 2001 e 2008, o feijão preto acumulou nesse período alta de 248,42% e o arroz de 146,76%.
Nos últimos 12 meses, contados entre julho de 2007 a junho de 2008, a variação média desses dois grãos foi de 24,46%, superando o IPC acumulado de 5,96%. De acordo com o economista, essa é a maior elevação desde 2003, quando os 13 itens analisados subiram 35,96% em média e a inflação atingiu 16,12%.
Braz disse que a pesquisa serviu para mostrar que produtos essenciais no dia-a-dia do brasileiro também tiveram uma alta expressiva nesse último período. O economista destacou que muitas pessoas que acompanham os números da inflação pela televisão e pelos jornais não reconhecem o aumento de preços porque a taxa divulgada pelos institutos de pesquisa é uma média da população, e não a inflação do indivíduo.
Ele explicou que na pesquisa foi feita uma seleção menor de itens importantes na cesta de consumo das famílias, o que acaba aproximando os números da inflação da realidade da maioria dos consumidores.
– Então dá para ver que um produto extremamente popular, que faz parte das compras mensais das famílias, teve um aumento expressivo nos últimos 12 meses, principalmente quando se compara com igual período dos últimos anos – acrescenta.
Para o economista, a continuidade do aumento nos preços do feijão dependerá, entre outras coisas, da qualidade da nova safra.
– O feijão subiu muito no ano passado. Este ano, até começou a ensaiar uma queda no preço, mas agora em junho começou a mostrar novamente tendência de alta – lembrou.
Braz não acredita que em 2008 o preço do feijão suba, mas admite que o custo do grão vai pressionar a inflação. Quanto ao arroz, ele disse que a inflação foi provocada pelo aumento da demanda no mercado internacional, o que desviou o produto brasileiro para outros mercados, fazendo o preço interno subir. O economista acredita, porém, que esse movimento não vá continuar.
– Como foi só uma questão de maior demanda internacional, essa demanda esfriando, como já vem acontecendo, a tendência é de o preço não subir tanto. E até cair no médio prazo – concluiu.
AGÊNCIA BRASIL