| 17/07/2008 10h10min
Nem foi lançada ainda e a Expointer deste ano já promete uma nova polêmica. A cena comum que se vê todo o ano em Esteio, no Rio Grande do Sul, de peões acampados em meio às estrelas da exposição pode fazer parte do passado.
O Ministério do Trabalho exigirá que os tratadores deixem de dormir juntos dos animais. À noite, cabanheiros dividem espaço com bovinos, eqüinos, ou em caminhões numa área de camping.
Antes mesmo da restrição ser aplicada, os criadores se antecipam e discordam. O vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Fernando Adauto Loureiro da Silva, duvida que a medida, de uma hora para outra, vá mudar um comportamento cultural, já arraigado à gestão rural familiar gaúcha. Não raro, filhos dos próprios fazendeiros dormem perto do animais, complementa.
– A estrutura precisa ser melhorada, mas nada tem a ver com desrespeitar trabalhadores – diz Adauto.
Segundo o superintendente regional do Ministério do Trabalho, Heron de Oliveira, os locais utilizados até o ano passado são impróprios:
– Não faremos concessões, os trabalhadores precisam de local decente para dormir. É uma questão cultural que os pecuaristas tentam introjetar no trabalhador.
Pela primeira vez, auditores estarão em tempo integral no parque Assis Brasil, para coibir possíveis irregularidades da feira, que ocorrerá de 30 de agosto a 7 de setembro. Pecuaristas e governo serão chamados para debater as restrições. O secretário estadual de Agricultura, João Carlos Machado, não questiona o cumprimento da lei, mas ressalva: é preciso negociar medidas factíveis. Machado garantiu que há projetos para melhorar a estrutura para os trabalhadores no parque. Salientou, no entanto, que a execução dos planos depende de verba privada.
– Se oferecer um quarto num hotel cinco estrelas, o peão irá agradecer e ficar junto dos animais, eu aposto – previu o secretário.