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 | 26/06/2008 18h52min

Autoridades de Mato Grosso do Sul trabalham para cumprir exigências internacionais até julho

Prazo para que o Estado apresente plano de contingência para febre aftosa à OIE termina no próximo mês

Luiz Patroni, Campo Grande (MS)  |  reportagem@canalrural.com.br

Termina em julho o prazo para que Mato Grosso do Sul apresente à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) um plano de contingência caso surjam focos de febre aftosa. O documento pode ser um passaporte para que o Estado recupere a condição de área livre da doença com vacinação. Mas enquanto as autoridades sanitárias correm contra o tempo para cumprir todas as exigências internacionais, principalmente na região de fronteira com o Paraguai, as atenções começam a se voltar para a Bolívia, onde os programas de sanidade animal foram praticamente deixados de lado.

Desde 2005, quando perdeu o status de área livre de febre aftosa com vacinação concedido pela OIE, Mato Grosso do Sul luta para conseguir controlar os riscos sanitários nas regiões fronteiriças. A área, considerada de risco, é uma ameaça à sanidade pecuária e já despertou a atenção do organismo internacional, que exigiu a implantação de uma zona de alta vigilância em uma extensão de 15 quilômetros a partir da fronteira.

Na última sexta-feira, dia 20, policiais do Departamento de Operações de Fronteira, apreenderam 20 cabeças de gado paraguaio que estavam sendo transportadas sem documentação próximo ao município de Paranhos. Os animais foram abatidos e o proprietário detido e liberado após pagar fiança. O caso ilustra o posicionamento rigoroso adotado pelas autoridades sul-mato-grossenses, que prometeram coibir com braços fortes o contrabando de gado dos países vizinhos.

– O Estado declarou uma verdadeira operação de guerra para combater o contrabando de gado. Não vamos permitir em hipótese alguma esta situação – disse a secretária de Produção de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina Dias.

Apesar da defasagem nas políticas de defesa sanitária animal na Bolívia, o que pode oferecer risco a pecuária sul-mato-grossense, os pecuaristas de Corumbá (MS) demonstram tranqüilidade. O município tem o maior rebanho bovino do Estado – com mais de 1,9 milhão de animais – e está separado da Bolívia pelas águas do Rio Paraguai. A barreira natural ameniza a preocupação dos criadores, que não consideram o país vizinho uma ameaça à pecuária local.
 
– Mesmo que o programa boliviano esteja parado, os pecuaristas de lá não deixam de vacinar os animais, assim como os pecuaristas corumbaenses – disse o conselheiro do Sindicato Rural de Corumbá Manoel Martins de Almeida.

Do lado boliviano a versão é semelhante. O presidente da associação de criadores de gado de Puerto Soarez, na província de German Busch, reconhece que as dificuldades econômicas enfrentadas na Bolívia comprometem as medidas sanitárias que deveriam ser adotadas pelo governo de Evo Moralez, que proibiu as exportações de carne bovina. Mesmo assim ele rebate as críticas e comenta que diante da crise financeira do país, os pecuaristas tomaram para si a responsabilidade de manter a sanidade animal em dia. Cerca de 80% do rebanho criado na fronteira com o município de Corumbá pertence a pecuaristas brasileiros.

 – Os pecuaristas mantêm a sanidade do gado em dia e pensam em implantar um sistema de defesa independente do governo para evitar novas críticas à pecuária boliviana – contou Edimir Yorge Netz.

Na última campanha de vacinação contra a febre aftosa, que terminou no dia 15 passado, mais de 96% do rebanho de quase 66 mil animais criados na localidade foram imunizados. Netz também explica que a única preocupação é a região da Tríplice Fronteira – Brasil, Bolívia e Paraguai – onde o controle é mais difícil. Em resposta às insinuações de risco sanitário na Bolívia, ele criticou a Agência de Defesa Sanitária Animal de Mato Grosso do Sul. Segundo o dirigente da entidade boliviana, muitas das ações anunciadas pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul) na região ainda não saíram do papel.
 
– Infelizmente a relação com a Bolívia não é tão satisfatória quanto com o Paraguai, mas como a fronteira seca é pequena, os riscos não são tão grandes. O Estado irá estreitar as relações com o serviço sanitário boliviano – garantiu a secretária Tereza Cristina Dias.

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