Na esteira do desenvolvimento da pecuária de leite no Estado, a Perdigão, maior companhia de alimentos do país, deve anunciar nesta segunda o início de uma nova fase de projetos em território gaúcho. Com cerca de R$ 70 milhões em investimentos, a empresa deve implantar unidades industriais em Bagé e em Três de Maio. Uma audiência às 17h com a governadora Yeda Crusius deve marcar ao menos a oficialização da primeira etapa dos projetos no Estado, em Bagé.

No município, a companhia já acertou até a troca de uma área inicialmente destinada ao projeto por outra mais conveniente devido a maior disponibilidade de água. São sete hectares - o equivalente a sete quarteirões, o que permite avaliar que o projeto não é acanhado - no distrito industrial da cidade.

Já havia passado pela Câmara de Vereadores da cidade um projeto aprovando a doação de uma área do município, mas foi necessária uma negociação com o governo do Estado para a troca do terreno por outro, mais adequado ao tipo de atividade prevista. Conforme fontes do mercado, a intenção da empresa é começar por etapas, de forma progressiva, até alcançar processamento diário de 1 milhão de litros diários. Este projeto está orçado em torno de R$ 20 milhões, para uma unidade de recepção e resfriamento.

Para Três de Maio, está em tratativas uma unidade industrial para processamento de cerca de 600 mil litros ao dia, com produção focada em leite em pó. Segundo fontes que acompanham a evolução das negociações, o porte da fábrica seria semelhante aos anunciados recentemente pela Nestlé, em Palmeira das Missões, e pela CCGL, em Cruz Alta.

Durante os últimos meses, as negociações evoluíram no âmbito da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (Sedai), entre o secretário Fernando Zachia e o diretor de assuntos institucionais da empresa, Ricardo Menezes. Durante o processo de negociação, o ex-ministro e presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, ajudou no agendamento da audiência com a governadora Yeda Crusius, atendendo a pedidos da direção da Perdigão.

Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag), Sérgio de Miranda, o anúncio de novos investimentos na área leiteira reforça a importância do Rio Grande do Sul no cenário nacional. Alerta, porém, que essas melhorias devem beneficiar também os produtores para que produzam mais e com qualidade. 

– Hoje, já precisaríamos de mais leite para atender à demanda instalada do Estado  –acrescenta, lembrando que cerca de 80 mil produtores dedicam-se à atividade leiteira.