Luciane Kohlmann  |  reportagem@canalrural.com.br

A contratação de crédito rural da safra 2007/2008 volta a surpreender depois de dois anos de retração. Até abril deste ano, 84% dos recursos previstos já foram aplicados, o que indica uma recuperação no campo. A alta dos preços das commodities é vista como um dos principais atrativos. Além disso, os recursos também aumentaram em relação à última safra. Os de custeio foram 41% maiores e, de investimento, quase 30%.

O Ministério da Agricultura espera aplicar até junho os R$ 70 bilhões previstos para o crédito rural desta safra. De julho de 2007 até abril deste ano já foram mais de R$ 58 bilhões, o que representa 84% de todos os recursos programados.

Segundo o diretor do Departamento de Economia Agrícola do ministério, Wilson Vaz de Araújo, o novo cenário do agronegócio se tornou mais atrativo para os agricultores, o que aqueceu a contratação de crédito.

– O aumento da demanda por alimentos no mundo e a decisão dos Estados Unidos de direcionar parte da produção de milho para a produção de etanol provocou uma elevação bastante forte nos preços dos produtos agrícolas – afirma Araújo.

O Banco do Brasil comprova este crescimento. Nos últimos 10 meses, R$ 30 bilhões já foram utilizados nas operações de crédito, números bem superiores aos da safra passada.

– Com o custeio da safra 2007/2008 já chegamos ao crescimento de quase 15% em relação a safra anterior. Também tivemos uma retomada nos créditos de investimento, de 10%, e acreditamos que deve seguir neste ritmo até o final do periodo – afirma José Carlos Vaz, diretor de Agronegócio do Banco do Brasil.

Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, esta retomada das contratações de crédito rural reflete a recuperação das perdas registradas pelo setor na safra 2005/2006. Para a CNA, é resultado do aumento de produção associado à alta das commodities. A CNA acredita ainda que deve haver uma procura ainda maior pelo crédito rural após o anúncio do pacote de renegociação das dívidas, previsto para esta terça-feira, dia 27.

– A questão do endividamento rural seja encaminhada, com a edição desta medida provisoria, e que os bancos de fato venham a implenta-la de uma maneira para permitir que a renegociação das dívidas dos produtores possa permitir a tomada de novos recursos – afirma Luciano Carvalho, assessor técnico da Comissão de Crédito Rural da CNA.

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