| 24/05/2008 14h34min
Passados três anos da criação do Pacto Contra o Trabalho Escravo no Brasil, mais de 21 mil pessoas foram libertadas de condição análoga à escravidão, de acordo com dados do governo federal. No entanto, segundo o assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos, José Guerra, a luta contra o problema ainda está longe do fim.
– Se antes a escravização se dava por meio da captura e se utilizava o trabalhador como mercadoria, hoje há uma nova dinâmica da escravidão, por meio da negação do direito de ir e vir. O empresário leva o trabalhador de determinada zona para um lugar de difícil acesso e oprime a liberdade dele de romper o contrato – disse Guerra.
Segundo o assessor, não há um segmento econômico específico responsável pela utilização da mão-de-obra escrava, mas o setor agrícola tem sido uma preocupação.
– Conseguimos ver a incidência do trabalho escravo nas fronteiras de exploração agrícola, onde está crescendo nossa atuação – enfatizou.
Conforme Guerra, além de evitar a repressão, o grande desafio do Pacto Contra o Trabalho Escravo é oferecer condições para que as pessoas libertadas possam voltar ao mercado.
– Pretendemos evoluir no sentido da reinserção do trabalhador que foi resgatado, porque a questão da escravidão por dívida está ligada à pobreza e à falta de opção. Vamos trabalhar com o Ministério do Desenvolvimento Social para saber como podemos incluir essas pessoas nos projetos como o Bolsa Família e nas políticas de inclusão – explicou.
Com uma parceira entre governo federal, organizações não-governamentais e a OIT, o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo já conseguiu fazer com que um grupo com mais de 140 grandes empresas – do porte do Grupo Pão de Açúcar, Wal-Mart, Petrobras, Ipiranga, Coteminas, Amaggi, e Carrefour – firmasse acordo para não mais manter relações comerciais com fazendeiros notificados ou que respondam pelo crime.
AGÊNCIA BRASIL
Para Secretaria Especial de Direitos Humanos, levar trabalhador para lugar de difícil acesso e não permitir rompimento de contrato é nova "dinâmica da escravidão"
Foto:
Marcello Miranda
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Agência RBS