| 20/05/2008 12h44min
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defendeu punição para quem desmata com a finalidade de aumentar a produção. Em entrevista ao programa Estúdio Rural, nesta terça-feira, dia 20, ele disse que, quando um grande pecuarista entra na Amazônia, apenas instala o rebanho, sem gerar nenhum emprego. Stephanes cobrou ação mais rígida dos órgãos responsáveis pela fiscalização.
- Até para que o agronegócio não fique com essa imagem de que está agindo da forma errada.
Para ele, o Brasil não precisa dar satisfações a ninguém em matéria de preservação do Meio Ambiente e existe um consenso dos setores agrícola e ambiental de que não é preciso derrubar mais nenhuma árvore para expandir a área agricultável do país.
- Não precisamos mais derrubar, mas temos de ter racionalidade para usar o que temos. Temos de ser menos ideológicos e mais racionais na discussão desse tema.
Stephanes negou problemas de relacionamento com a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante os cinco anos que a senadora pelo PT do Acre comandou a pasta. Ele reconheceu que havia divergências apenas na forma de aplicar uma determinada política, mas não de conceitos ligados ao desenvolvimento sustentável do país e ressaltou que ninguém é insubstituível.
Sobre o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, Stephanes disse ter ouvido algumas declarações, que considerou positivas e interessantes. Reforçou que há uma concordância em torno da tese de que não é preciso desmatar mais para expandir a agricultura e que previu que podem ocorrer eventuais divergências com a bancada ruralista no Congresso Nacional.
O ministro da Agricultura voltou a defender que não há razão para criticar o Brasil pela expansão na produção de biocombustíveis. Segundo Reinhold Stephanes, o país é o único que consegue conciliar o cultivo de alimentos, de fontes limpas de energia e ainda ter excedentes exportáveis. Ele acrescentou que a área plantada com cana-de-açúcar corresponde a apenas 1% do território nacional.
Ao falar sobre o zoneamento para a cultura, destacou a importância da cana para a recuperação de áreas degradadas de pastagens. De acordo como Reinhold Stephanes, o projeto deixará bem claro qual a área mais apta para a cana, a menos apta e os locais onde a produção poderá ser incentivada sem competir com a produção de alimentos.
Fertilizantes
O ministro avaliou a questão dos fertilizantes como estratégica para o Brasil e garantiu que diferentes órgãos do governo estão envolvidos no plano para garantir a auto-suficiência do país em insumos. Mas reconheceu que há dificuldades. O caso mais crítico é o do potássio, em que 80% do consumido no Brasil são importados.
- São poucos os países que têm minas de potássio no exterior. O frete também é extremamente elevado com o aumento do custo do petróleo. Com a demanda mundial aumentando, evidentemente, os preços do potássio também aumentaram.
Stephanes explicou que existem no país duas minas de extração de potássio. Uma delas, em Sergipe, explorada pela Vale, teria capacidade de atender apenas até 15% da demanda brasileira. A outra, no estado do Amazonas, está envolvida em problemas técnicos e ambientais.
- Se conseguirmos uma solução técnica e ambiental para essa grande mina, ela pode chegar a produzir até 30% ou 40% das necessidades internas – disse o ministro sem, contudo, detalhar o que é preciso para liberar a exploração.
No caso do fósforo, Reinhold Stephanes disse que, apesar de importar 60% do necessário para abastecer o consumo interno, o Brasil tem minas suficientes para garantir, no médio prazo, a auto-suficiência. E, com relação aos nitrogenados, o ministro espera ampliar de forma significativa a produção interna a partir do momento que o país começar a operar os campos de gás natural.
Arroz, feijão, trigo e milho
O ministro garantiu que o governo estuda uma política para evitar o que chama de ciclos de volatilidade nos preços do feijão. Segundo ele, medidas deve ser anunciadas no Plano-safra para o ciclo 2008/2009 e devem ter como ponto principal seja o preço de garantia. No caso do arroz, Stephanes disse que a estratégia a ser adota visa evitar que o Brasil caia no que chama de armadilha que possa, eventualmente, prejudicar a renda do produtor e criar problemas no mercado interno.
Sobre o trigo, Reinhold Stephanes ressaltou que a estratégia do governo não ficará limitada aos benefícios tributários anunciados na semana passada. A intenção, segundo ele, é voltar a pensar na auto-suficiência. Uma política diferenciada para o milho também se justifica, já que o grão é um importante componente da ração animal, além de ser ingrediente importante de diversos produtos industrializados.
CANAL RURAL