| 19/05/2008 21h25min
Mesmo com uma safra recorde superior a 142 milhões de toneladas de grãos e 27 bilhões de litros de etanol, os agricultores brasileiros sofrem com o aumento no preço dos insumos. E a tendência de alta deve continuar, pois, de acordo com especialistas, a safra 2008/2009, que ainda nem começou a ser plantada, já está comprometida. O problema está na elevação dos preços dos insumos como fertilizantes, complementos e ração animal.
De acordo com a Sociedade Rural Brasileira, nesta safra os fertilizantes subiram 70%. Sementes como trigo e milho tiveram aumento de até 50% e os herbicidas, como o Glifosato, muito utilizado no plantio da soja, foi reajustado em até 50%. O fosfato bicálcico, utilizado na alimentação bovina, subiu 169% em apenas quatro meses, passando de R$ 780 para R$ 2,1 mil a tonelada.
Apesar de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, a agropecuária brasileira é completamente dependente da importação de insumos. Para se ter uma idéia, 72% dos fertilizantes usados hoje no país são adquiridos fora do Brasil.
Em 2007, o Brasil importou 18 milhões de toneladas de fertilizantes, 37% a mais do que em 2006. Mas o que impressiona não é o aumento na quantidade e sim nos valores. Enquanto em 2006 o país gastou US$ 2,5 bilhões com as importações, em 2007 esse número subiu para US$ 4,8 bilhões, um aumento de 88%.
– É uma antiga defesa do setor que a tributação sobre insumos e defensivos seja equalizada com a dos países do Mercosul. Hoje ela é muito tributada e de maneira desigual, então era uma maneira da gente diminuir esses custos indiretos da produção – afirma João Sampaio, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
Para ele, a alta dos preços dos alimentos está diretamente relacionada com a escalada dos preços dos insumos.
– O preço dos insumos é o que tem feito subir o preço final dos alimentos e agora o governo federal resolveu subir o combustível para manter a gasolina e aumentar o diesel, o que encarece o alimento final e a culpa não fica sendo do governo, fica sendo de quem produz o alimento.
Os integrantes da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia Legislativa de São Paulo apuram uma possível formação de cartel das indústrias de rações e fertilizantes.
CANAL RURAL