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 | 19/05/2008 06h34min

Ministro Carlos Minc propõe Forças Armadas na Amazônia

Presidente deve formalizar nesta segunda entrada de carioca no ministério

Ao desembarcar no Rio vindo de Paris, Carlos Minc expressou uma das principais idéias que deve tratar nesta segunda-feira, dia 19, às 17h, com Lula no Palácio do Planalto.

No encontro, em que formalizará seu "sim" ao convite para ser o ministro do Ambiente, o carioca deverá defender maior presença militar na Amazônia.

Minc explicou que a intenção é replicar uma das medidas adotadas como secretário Estadual do Rio - seu cargo atual.

– No Rio, criamos os guardas-parque. Diante da insuficiência de fiscais, colocamos destacamentos do Corpo de Bombeiros em parques e áreas de proteção ambiental. Vou propor que se crie destacamentos ou que se aloquem regimentos das Forças Armadas para funcionar nos grandes parques nacionais, tomando conta do entorno deles e das reservas extrativistas, replicando, com as adequações necessárias, o que fizemos aqui no Estado (Rio) – explicou o secretário.

Na mesma ocasião, Minc disse que "a Amazônia não vai virar carvão", em alusão à preocupação da comunidade internacional após a saída da ministra Marina Silva.

– A gente vai manter não só a política que vinha sendo adotada pela ministra Marina Silva, como boa parte de sua equipe. Vamos fazer outras coisas que ela ainda não havia feito – disse Minc.

Lula pedirá explicações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve pedir mais explicações nesta segunda-feira a Carlos Minc, futuro ministro do Meio Ambiente, sobre a proposta de uso do Forças Armadas no patrulhamento de unidades de conservação, como nos parques nacionais.

Assessores de Lula disseram nesse domingo, dia 18, em tom de brincadeira, que Minc tem esse estilo de "falar muito" e que é preciso esperá-lo realmente assumir o cargo. Eles também afirmaram que Lula deseja saber o que Minc quis dizer ao defender o uso da Militares no policiamento de áreas ambientais.

Além disso, o Palácio do Planalto demonstrou preocupação com os ataques de Minc ao governador de Mato Grosso e um dos maiores plantadores de soja do país, Blairo Maggi (PR) - o futuro ministro disse que, "se deixar, ele (Maggi) planta soja até nos Andes". O governador se tornou próximo de Lula, e assessores palacianos acreditam que não é bom começar fazendo provocações - a ex-ministra Marina Silva teve sérios desentendimentos com Maggi.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi informado das declarações de Minc e vai querer mais detalhes da proposta ao retornar da Bolívia, para onde viajou ontem. Mas assessores da área ambiental e militares alertam que há restrições constitucionais ao uso do Exército para o fim de policiamento, já que os militares são proibidos pela Constituição de fazer policiamento ostensivo, a não ser em ocasiões especiais, e com autorização, como nos Jogos Pan-Americanos, no Rio.

ZERO HORA
Fernando Bizerra Jr., EFE  / 

Ministro Carlos Minc diz que não só vai dar continuidade aos trabalhos de Marina Silva, como deverá implementar o que ainda não foi feito
Foto:  Fernando Bizerra Jr., EFE


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