| 20/05/2008 07h00min
O governo argentino autorizou nessa segunda-feira, dia 19, a exportação de 100 mil toneladas de trigo ao Brasil. Em comunicado, o Escritório Nacional de Controle Comercial Agropecuário autorizou, como teto, o envio de até 2 mil toneladas por exportador.
Apesar do anúncio, a remessa de trigo ao Brasil não será fácil. Ao mesmo tempo em que autorizou a venda de mais 100 mil toneladas, o governo estipulou uma série de medidas burocráticas que deverão ser atendidas pelos exportadores. As vendas argentinas do cereal ao Exterior estão sob fortes restrições desde dezembro passado, quando o governo da presidente Cristina Kirchner suspendeu os embarques.
Principal sócio comercial da Argentina, o Brasil também é o maior comprador de trigo do país. A restrição às exportações tinha o objetivo de redirecionar o produto para o mercado interno e, assim, proporcionar uma queda do preço para os consumidores nacionais.
Na última quarta-feira, o Brasil ampliou até 31 de julho o período de importação de trigo com tarifa zero para os países que não fazem parte do Mercosul, na tentativa de normalizar o fornecimento. A Argentina vende cerca de 95% do trigo consumido pelo Brasil.
Ruralistas suspendem ações contra o governo
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado, Cláudio Luiz Furlan, pela limitação de 2 mil toneladas por exportador, o embarque para o Brasil só seria viável se fosse feito de forma coletiva. E o volume de total de 100 mil toneladas é considerado modesto.
– Levando em consideração nossa necessidade de 800 mil toneladas, o que foi liberado é pouco – diz.
Na noite dessa segunda-feira, os produtores anunciaram que vão suspender, a partir da zero hora desta quarta-feira, dia 21, o locaute que realizam desde o dia 8 de maio contra a política adotada pelo governo da presidente Cristina Kirchner para o setor.
A decisão foi tomada pelas lideranças das quatro maiores associações de produtores agropecuários da Argentina - Sociedade Rural, Federação Agrária, Confederações Rurais Argentinas (CRA) e Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro).
As lideranças optaram pela suspensão da paralisação como gesto de paz ao governo, com a expectativa de reabrir o diálogo para retomar as negociações sobre os aumentos dos impostos sobre as exportações agrícolas, pivô desta crise.
O presidente do Senado, o kirchnerista José Pampuro, havia declarado horas antes que o governo esperava um gesto das associações agropecuárias para iniciar o diálogo.
– Agora, esperamos que o governo faça seu gesto. Espero que não nos decepcione – afirmou o presidente da Sociedade Rural, Luciano Miguens.
ZERO HORA
Ao mesmo tempo em que autorizou a venda de mais 100 mil toneladas, governo estipulou diversas medidas burocráticas a serem atendidas pelos exportadores
Foto:
Cláudio Gottfried, especial
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Banco de Dados 03/10/2006