| 09/05/2008 08h22min
Com cotação em alta, previsão de clima favorável e medidas do governo federal positivas aos produtores de trigo, a expectativa é de crescimento entre 10% e 20% na área cultivada com o principal cereal de inverno em terras gaúchas. Este cenário positivo só é prejudicado pela elevação no preço dos insumos, que vem obrigando os agricultores a analisar com cuidado como será feito o investimento no trigo em 2008.
De acordo com a Emater, em 2007 os produtores gaúchos colheram 1,551 milhão de toneladas, em 803 mil hectares plantados de trigo. Para esse ano, ainda não há estimativa oficial de intenção de plantio. Mas entidades esperam um aumento na área plantada em relação ao ano passado, ficando próximo dos 900 mil hectares. Considerando o rendimento médio histórico de 1,87 mil quilos por hectare, a produção estadual pode chegar a 1,683 milhão de toneladas.
– A atual cotação do trigo, acima dos R$ 30, anima os agricultores. E, mesmo assim, o produtor já sabe que precisa reduzir os riscos, buscando cultivares de ciclos variados e fazendo o escalonamento do plantio – destacou Eduardo Caierão, pesquisador da Embrapa Trigo, em Passo Fundo, região noroeste do Rio Grande do Sul.
Medidas anunciadas pelo Ministério da Agricultura no mês passado visam tornar o país menos dependente de trigo estrangeiro. Atualmente, o Brasil consome 10,5 milhões de toneladas do cereal e produz - principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul - 3,5 milhões de toneladas.
De acordo com o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, o produtor gaúcho tem outras questões que prejudicam a rentabilidade na lavoura de trigo. Uma delas é a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no produto in natura. Enquanto no Estado a taxa é de 12%, no Paraná é de apenas 2%.
O principal vilão para o plantio do trigo este ano, no entanto, é mesmo o preço dos insumos e até a falta de alguns produtos, como fósforo e potássio. Com demanda internacional crescente, os altos valores pagos por esses produtos acabam sendo repassados aos agricultores.
– A tonelada do adubo, por exemplo, passou de R$ 650 em 2007 para R$ 1,3 mil atualmente. Por isso, o produtor pode acabar optando por usar menos tecnologia na lavoura – ressaltou o presidente de Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Hamilton Jardim.
ZERO HORA