| 07/05/2008 15h09min
A cúpula das entidades rurais da Argentina decidiu nesta quarta-feira retomar os protestos em todo o país por falta de um acordo após a negociação com o governo.
— Estamos vendo que é praticamente iminente o protesto agropecuário — afirmou hoje o presidente da Federação Agrária da Argentina (FAA), Eduardo Buzzi, ao sair de uma reunião com o secretário de Agricultura, Jávier de Urquiza.
— O secretário de Agricultura teve boa vontade, mas ele insiste em discutir uma agenda que não inclui o tema de retenções (impostos de exportação) e fica claro que ele não tem poder para discutir o assunto — explicou Buzzi.
O presidente da FAA disse que Urquiza "queria discutir hoje só os temas (trigo e carne) que já acertamos em reuniões anteriores, mas o que mais preocupa os milhares de produtores, a retenção, não está na agenda". Ele lembrou que ontem o chefe de gabinete da presidência, Alberto Fernández, reconheceu haver erros no mecanismo de cobrança das
retenções, com as alíquotas podendo
alcançar 95% de imposto, conforme a alta internacional da soja.
— Ontem, disseram que hoje poderia falar nisso (retenções), mas nesse momento o assunto está encerrado, não se toca, não se avança e, por isso, vamos nos reunir agora para definir a forma de protestos que faremos — declarou Buzzi.
A cúpula das quatro entidades rurais estava reunida na tarde de hoje para detalhar como serão os protestos. No final da tarde haverá uma entrevista coletiva à imprensa, na qual será divulgada uma carta aberta aos argentinos e uma nota oficial sobre o protesto. Os ruralistas podem voltar a realizar bloqueios no tráfego de caminhões contendo cargas agropecuárias, a exemplo do que ocorreu durante os 21 dias de protestos realizados em março.