| 04/05/2008 18h56min
A 25 quilômetros de Brasília, uma área de cerrado quase intacta abriga construções de barro com telhados gramados, aproveitamento de água da chuva e produção de alimentos sem agroquímicos, numa paisagem que nem de longe lembra a Capital de concreto e da Esplanada dos Ministérios.
Erguida com técnicas de bioconstrução, a Chácara Asa Branca é uma das experiências brasileiras de permacultura, conceito de planejamento e execução de ocupações humanas de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente e “uso ético” dos recursos naturais e dos bens de consumo, de acordo com o administrador Leandro Jacinto, um dos proprietários da área.
– Temos três éticas na permacultura: cuidado com as pessoas, cuidado com a Terra e distribuição dos excedentes – destaca.
Segundo Jacinto, pensar a “arquitetura humana” com sustentabilidade é uma maneira de contribuir para atenuar problemas mundiais, como a escassez de água, as restrições à produção de alimentos e até mesmo o aquecimento do planeta.
A sustentabilidade das construções também é aplicada nas soluções de saneamento básico. A água da chuva é armazenada em três grandes reservatórios, construídos com técnicas da permacultura.
– É água suficiente para seis meses, sem precisar de outras fontes de abastecimento –aponta Jacinto.
Nos banheiros, a descarga tradicional – que utiliza água potável – foi substituída por um sistema de compostagem. Os resíduos são misturados à serragem e depois de passar por um processo químico natural, são transformados em adubo orgânico para hortas e jardins.
A irrigação com água da chuva e a adubação natural garantem a produção de hortaliças, leguminosas e frutas, para consumo da chácara. A meta dos moradores – três famílias atualmente – é ter 60% da sua alimentação produzida no local.
– A gente busca solução para vários problemas, de forma simples e reaplicável. Acreditamos que é possível ser responsável pela nossa própria existência – sugere o proprietário.
AGÊNCIA BRASIL
Na Chácara Asa Branca, banheiros têm sistema de compostagem em substituição à descarga tradicional, que utiliza água potável
Foto:
Wilson Dias, ABr