| 12/04/2008 21h18min
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, classificou como um "prazer" a constatação de que ministros de diversos países emergentes mostraram-se satisfeitos com a reforma de cotas e do modelo de receita do Fundo, citando nominalmente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na entrevista coletiva concedida após o encontro do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC) do Fundo, em Washington, EUA.
— Foi um prazer (ouvir) a longa lista de ministros, Mantega, do Brasil, Chidambaram (ministro indiano, Palaniappan Chidambaram) tão felizes sobre a reforma, e aprovando não apenas o resultado da reforma, como também o fato de que o Fundo, de fato, está se movendo.
Ontem o ministro Mantega, em entrevista coletiva, afirmou que era necessário "mudar o Fundo", para que ganhasse maior legitimidade, com maior representação das economias emergentes, em reflexo à contribuição destas economias para o PIB global. Hoje, em discurso no IMFC
ele reiterou as demandas
para maior peso destas economias no Fundo.
O diretor-gerente diz estar mais confiante de que a maioria de 85% na votação em favor da reforma será alcançada até o fim do período de votação, em 28 de abril. A mudança no sistema de cotas incorpora um peso maior do PIB calculado pela Paridade do Poder de Compra (PPP), o que é favorável ao Brasil, e implica revisão das cotas a cada cinco anos. A nova estrutura orçamentária do FMI prevê redução das despesas líquidas em 13,5% em termos reais ao longo dos próximos três anos e pede que os integrantes trabalhem para que a estrutura legislativa esteja finalizada rapidamente para que o novo modelo possa entrar em ação.
— O que foi alcançado hoje é algo muito importante na vida do Fundo — disse Strauss-Kahn.
Com este passo dado no lado da reforma, o FMI deve voltar sua artilharia para os principais riscos mundiais, enfatizados recentemente pelo diretor-gerente como "gelo e fogo", ou seja, desaceleração
econômica e inflação, respectivamente. Como
a reforma já está praticamente encaminhada e com votação próxima do encerramento (28 de abril é a data limite para votação), Strauss-Khan afirma que "agora é preciso devotarmos 100% do nosso tempo para estas questões".
O diretor-gerente observou que a inflação pode estar na raiz de conflitos que podem surgir no futuro. De um lado, citou Strauss-Kahn, estão o tremor financeiro, a desaceleração das economias e o não descolamento dos mercados emergentes. De outro, "aumento nos preços de commodities, especialmente alimentos, que é o segundo problema que temos de resolver".