| 07/04/2008 19h59min
O Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro que mais acumula dívidas no campo. Por isso, a bancada ruralista da Câmara dos Deputados espera conseguir medidas diferenciadas para os produtores gaúchos no pacote da renegociação das dívidas. A reunião dos parlamentares com o governo federal acontece nesta terça-feira, dia 8, em Brasília.
O produtor de trigo André Weinz viajou de Victor Graeff (RS) até a Capital federal para acompanhar as tratativas. Em 2003, o triticultor gaúcho perdeu toda a lavoura por causa da estiagem, e conta que por isso nunca conseguiu pagar sua dívida.
– Não é só dívida com bancos, é com terceiros também, o que é muito complicado. Eu não tenho condições de pagar daqui a dez anos – justifica Weinz.
A dívida dos produtores rurais do Rio Grande do Sul Estado está estimada em R$ 8 bilhões até o ano de 2012. Desse total, cerca de R$ 2 bilhões são de débitos vencidos.
A assessora técnica
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) Rosemeire dos Santos lembra que o Estado teve três períodos de seca seguidos, e, por causa disso, alguns produtores perderam em torno de 70% das lavouras em 2003 e 2004.
– Esse acumulo de prorrogações, além do nível de contrações de débito, que na região é maior do que em Mato Grosso, gera um estoque maior de dívidas – explica.
Os produtores gaúchos e catarinenses de trigo e arroz são os mais endividados. Um dos articuladores da nova proposta de repactuação da dívida agrícola, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) lembra que tanto para triticultores quanto para rizicultores foram cinco anos vendendo abaixo do custo de produção.
– Com o acumulado de dívidas, se esse produtor não tinha seguro, qual é a segurança dele? É seu patrimônio – argumenta Heinze.
Na reunião desta terça feira, os deputados vão propor uma negociação diferenciada para as regiões mais endividadas. Para o deputado Valdir Colatto
(PMDB-SC), que também participa das discussões
sobre a renegociação na bancada ruralista, cada região tem uma situação.
– O que nós estamos fazendo é um grande acordo guarda-chuva, para depois, então, tratarmos pontualmente dos entendimentos localizados, como é o caso dos produtores de soja e algodão de Mato Grosso, de arroz do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e de cacau do Nordeste – explica Colatto.
Para os casos mais sérios, a bancada ruralista espera conseguir pelo menos um ano de carência e um prazo superior a dez anos para o pagamento das dívidas dos produtores.