| 07/04/2008 15h52min
Em relatório divulgado por ocasião do Dia Internacional da Saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a mudança climática pode aumentar para dois bilhões o número de pessoas expostas à dengue até o ano de 2080. Segundo a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, a pandemia de dengue que atinge a América do Sul não se deve única e exclusivamente à mudança climática, mas o aumento das temperaturas ajudou muito a expansão da doença.
– Os efeitos da mudança climática já podem ser percebidos. É necessária uma ação urgente para minimizar seus efeitos, não é especulação, mas uma realidade – declarou em entrevista coletiva Margaret Chan.
A diretora-geral afirmou que a mudança climática é uma ameaça direta à saúde, uma vez que as conseqüências do aquecimento global podem afetar alguns dos elementos mais importantes para a saúde, como o ar, a água, os alimentos, um teto para se abrigar e a ausência de enfermidades. Para Chan o ser humano já está exposto a doenças que sofrem significativa influência do clima e que causam milhões de mortes por ano.
Como exemplo citou a desnutrição – responsável por mais de 3,5 milhões de mortes por ano –, as doenças relacionadas à diarréia – que matam mais de 1,8 milhão – e a malária – causadora de mais de um milhão de mortes por ano.
– Com a mudança climática esta situação vai piorar – declarou a diretora-geral.
Segundo ela, os efeitos nocivos da mudança climática já podem ser comprovados em recentes catástrofes, como a onda de calor na Europa em 2003 que matou 70 mil pessoas, o furacão Katrina - nos EUA -, a epidemia de malária na África Oriental agravada pelo aumento da temperatura e a pandemia de cólera em Bangladesh após as grandes inundações.
– Há muito a fazer hoje para evitar que estas situações se repitam – declarou Chan.
As doenças causadas pelos mosquitos e outros agentes transmissores causam anualmente mais de um milhão de mortes e as doenças ligadas à diarréia mais 1,8 milhão. Segundo o relatório, atualmente a poluição do ar causa 800 mil mortes por ano.
As estimativas citadas pela OMS dizem que, caso a temperatura global aumente 1 grau centígrado, poderia haver 20 mil mortes anuais a mais por causa de doenças cardiorrespiratórias. Por isto os membros da agência da ONU consideram que esta é a hora de se estudar profundamente as conseqüências que o aquecimento global pode ter para poder atuar imediatamente.
– Precisamos conhecer a magnitude do problema para melhor entender o tema, identificar os buracos negros e desenvolver programas para tapá-los – afirmou o diretor-geral adjunto da entidade, David Heymann.
A OMS e seus associados – o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a Organização Meteorológica Mundial – estão desenvolvendo um plano de trabalho e uma agenda para elaborar estimativas melhores sobre o tamanho e a vulnerabilidade da saúde humana. Quando estiver com todas as informações, serão elaboradas estratégias e instrumentos para ajudar os governos a implementar programas de planejamento e contingência.
AGÊNCIA EFE