| 24/03/2008 06h45min
Praticamente após um ano de ruídos de negociação, dados desencontrados sobre o passivo da dívida e conflitos, lideranças rurais de todo o país estarão em Brasília a partir desta segunda-feira, dia 24. Nesta terça-feira, dia 25, o governo federal deve apresentar medidas para equacionar o endividamento do campo.
A mobilização começa com audiência pública e vai até o anúncio, esperado para o final de terça na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O objetivo é fazer uma vigília para deixar claro ao Palácio do Planalto que os produtores esperam uma solução definitiva para o estoque da dívida e não as medidas consideradas paliativas dos últimos anos.
Hoje, a versão final do pacote feito pelo grupo técnico de trabalho chega às mãos dos ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Mas há arestas ainda não aparadas, como os débitos contraídos a partir de 2005 e repactuações que vencem a partir deste ano, não incluídas até agora.
– Este será o ponto forte das negociações desta segunda-feira. Quem renegociou recentemente não pode sair de mãos abanando. Isso também é dívida – argumenta Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS).
Conforme o estudo, a dívida rural é de R$ 87 bilhões, incluindo débitos da agricultura empresarial e dos agricultores familiares. O valor não considera o custeio da safra atual e os investimentos desde a safra 2006/2007. O prazo derradeiro para o fim das negociações vence no próximo dia 31.
Na terça-feira, a concentração começa às 9h, na Câmara dos Deputados. Após meses de diálogo interrompido, lideranças rurais evitam falar sobre a proposta do setor rural alinhavada e apresentada ao governo federal durante a semana que passou.
– Esperamos, pelo menos, um posicionamento bastante adiantado do que o governo federal pretende – disse Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Estado.
Produtores rurais insistem que a dívida é de R$ 80 bilhões, pois é preciso substituir juros e taxas de correção acumulados ao longo de 20 anos. De acordo com o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) aproximadamente 60% dos vencimentos concentram-se até 2011.
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