| 03/03/2008 15h38min
Apesar da liberação das exportações de carne para 106 fazendas incluídas na lista encaminhada às autoridades européias pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o mercado da União Européia, na prática, continua fechado para a carne brasileira. Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Antenor Nogueira, a medida não permite que o Brasil retome as exportações para o bloco europeu nos valores e nas quantidades registrados em 2007. Mesmo assim, na sua avaliação, “o Brasil manterá em 2008 o mesmo desempenho no mercado externo do ano passado, uma vez que o aumento das vendas para outros mercados e os aumentos dos preços internacionais da carne bovina deverão compensar eventual queda nas vendas para a União Européia”, diz Antenor Nogueira.
No ano passado, o Brasil exportou 195 mil toneladas de carne bovina in natura para a União Européia, totalizando US$ 1,087 bilhão em vendas. Em janeiro de 2008, foram exportadas 19,8 mil toneladas, no valor de US$ 146,3 milhões. A partir de 1º de fevereiro, o Ministério da Agricultura deixou de emitir os certificados sanitários para exportação de carne bovina in natura devido ao embargo imposto pela União Européia. Mesmo com a liberação das exportações para 106 fazendas, o quadro se mantém com poucas alterações. Na opinião do presidente do Fórum da CNA, no entanto, a continuidade deste cenário não deverá alterar as boas perspectivas apresentadas pela pecuária brasileira.
Segundo os dados da pesquisa dos Ativos da Pecuária de Corte, elaborados pela parceria CNA/Cepea – USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo), os aumentos dos custos de produção em 2007 foram os maiores dos últimos cinco anos, quando iniciou o levantamento CNA/Cepea. Mas a receita do produtor também se fortaleceu no período, com um aumento de 36,74% na média ponderada dos 10 Estados. No acumulado de março de 2003 a dezembro de 2007, no entanto, a arroba do boi gordo aumentou 23,1%, enquanto os custos da produção pecuária subiram 47,5%, na média dos 10 Estados pesquisados.
– Os resultados de 2007 ainda não foram suficientes para ressarcir as perdas dos quatro anos anteriores – disse Antenor Nogueira.
Mas, para ele, as perspectivas de sustentação dos novos patamares de preços do boi gordo poderão estimular o produtor a retomar os investimentos na atividade após anos em que os reajustes dos custos superaram os aumentos da arroba do boi. Os dados levantados pela CNA/Cepea mostram que o recriador se sente estimulado a aumentar a reposição e o criador a ampliar seu plantel de matrizes. Diante da possibilidade de ganhos dentro e fora da fazenda, há indicativos de aumento da oferta de empregos diretos e indiretos.
A sustentação dos preços do boi e os aumentos do bezerro sinalizam para novas altas da arroba. No início do ano, o mercado futuro (BM&F) apontava para a manutenção do novo patamar de
preços, com a arroba em torno de R$
70,00. O mercado futuro de bezerro também sinalizava para novas altas, com preço de R$ 523,00 para abril (negociado em meados de janeiro), valor 30% superior ao praticado em abril de 2007.
Exportações de carne in natura para o bloco europeu devem estar normalizadas até o final deste ano
Foto:
Divulgação
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