| 28/02/2008 14h26min
A liberação, pela União Européia, da importação de carne de 106 fazendas brasileiras é “simbólica” e demonstra a recuperação da credibilidade do produto brasileiro, na avaliação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
– É mais uma abertura simbólica do que uma abertura, de fato, para que se possa iniciar um maior volume. Mas o fato positivo é que o comércio de carnes com a União Européia está reaberto, os procedimentos seguintes já estão sinalizados e também foi restabelecida a confiança nas autoridades sanitárias brasileiras – afirmou na quarta, dia 27, o ministro.
Stephanes disse acreditar que as exportações de carne in natura para o bloco europeu estarão normalizadas até o final deste ano.
– Novas propriedades ainda estão sendo auditadas e serão acrescentadas. As que o Brasil vai auditando e considerando em conformidade com as normas existentes serão agregadas até que se restabeleça totalmente o comércio com a União Européia – destacou, ao assegurar que todas as fazendas que se enquadrarem nas normas serão consideradas aptas a exportar.
As vendas foram interrompidas no dia 31 de janeiro, quando a UE se negou a aceitar a lista de 2,681 mil propriedades apresentadas pelo governo brasileiro como aptas a exportar o produto. Em dezembro, os europeus haviam limitado em 300 o número de exportadores, sob a alegação de deficiências na certificação e no rastreamento de origem do gado brasileiro.
As 106 fazendas com exportação liberada são responsáveis pela venda de 1,5 mil toneladas de carne in natura para o mercado europeu. Antes do embargo, 8,7 mil fazendas estavam autorizadas a exportar o produto e as vendas para a Europa chegavam a 275 mil toneladas.
Ao contrário do que temem dos pecuaristas, Stephanes disse não acreditar em comprometimento da carne brasileira em terceiros mercados após o embargo europeu. Prova disso, segundo ele, é a ampliação de importações pela Rússia, maior comprador individual do produto.
– Nenhum mercado foi afetado, pelo contrário. Todos os outros 140 países envolvidos neste processo foram esclarecidos e estão satisfeitos com o esclarecimento. Essa abertura inclusive ajuda a sinalizar com maior clareza, a todo o mercado para o qual o Brasil exporta, que o país não tem problemas sanitários – disse.
O ministro garantiu que não faltarão recursos para o controle sanitário em 2008. E informou que o Brasil planeja uma mudança nas normas de rastreabilidade – conforme demanda dos pecuaristas –, mas que isso será feito após negociações, "no momento oportuno", com a União Européia.
– Eles não estão dispostos a ser menos exigentes – estão dispostos a simplificarmos as normas sem prejuízo da rastreabilidade – revelou.
Stephanes admitiu que as condições impostas pela União Européia são mais duras que as de outros países, mas disse acreditar que isso se deve aos problemas com a chamada doença da vaca louca.
– Os europeus são consumidores mais
rigorosos. Eles exigem rastreabilidade não só em
termos de carne. Mas temos que entender também que, neste caso específico, eles ainda estão traumatizados com o problema da doença da vaca louca, que é fatal. Com isso, estabeleceram exigências muito mais duras do que os demais países em termos de sanidade. No caso brasileiro, não seriam necessárias – afirmou.
Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, quer negociar a simplificação das normas de rastreabilidada com os europeus
Foto:
Sebastião Ribeiro, ABR, Banco de Dados - 27/03/2007
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