| 28/02/2008 16h23min
A produção brasileira de leite sob inspeção aumentou 9,88% de janeiro a dezembro de 2007, segundo o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em comparação a 2006. Nos últimos 10 anos a média de crescimento anual foi de 6,6%. Os preços pagos aos produtores também subiram 38,8% em relação ao mesmo período, segundo resultado da pesquisa dos Ativos da Pecuária de Leite, divulgados nesta quinta, dia 28, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
– Os aumentos da oferta e do preço do leite se justificam pelo aumento do consumo interno e a ampliação das exportações de leite – afirmou o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim.
O crescimento das exportações de lácteos bateu novo recorde no período de janeiro a dezembro de 2007, quando as vendas para o Exterior totalizaram US$ 299,5 milhões. Além dos compradores tradicionais do produto brasileiro, novos importadores, como a Venezuela, aumentaram a demanda principalmente pelo leite em pó e pelo leite condensado/evaporado nacionais. Para este ano, a perspectiva é de manutenção deste crescimento. Em janeiro, por exemplo, foram exportados US$ 40,6 milhões, cujo valor é 205,2% maior do que os US$ 13,3 milhões exportados no mesmo mês do ano passado.
Os Ativos da Pecuária de Leite mostram, no entanto, significativo aumento nos custos da atividade produtiva, causado principalmente pelo crescimento nos preços dos concentrados entre outubro de 2007 e janeiro de 2008 e nos reajustes do sal mineral no início deste ano.
– O custo da alimentação do rebanho poderá limitar a manutenção das margens que o produtor obteve no ano passado – argumenta Alvim, com base nos resultados dos painéis realizados em 17 regiões produtoras do país, como parte do projeto dos Ativos do Campo.
Nos quatro meses pesquisados, o preço do milho chegou a ser reajustado em 27% em Goiás, enquanto no Rio Grande do Sul o grão ficou 10% mais caro. Quanto ao farelo de soja, a maior alta foi de 18% no Paraná e a menor, de 0,25%, em Minas Gerais. Segundo o presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da CNA, os concentrados representam 64,4% dos gastos dos produtores com a alimentação do rebanho leiteiro.
Outro fator que desequilibrou o planejamento de custos do produtor no início de 2008 foram os reajustes dos preços do sal mineral. Conforme o levantamento do Cepea, o sal mineral (90g de fósforo) aumentou em média 8% em Goiás, entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008. No mesmo período, os reajustes atingiram 9% em São Paulo e 21% em Minas Gerais. Os painéis realizados no final de 2007 mostram que a suplementação mineral representa de 4% a 15% do custo operacional efetivo das propriedades leiteiras de Goiás, entre 3% e 4% em Minas Gerais e de 2% a 6% em São Paulo.
– O principal responsável por esses aumentos é o fosfato bicálcico, que representa boa parte do custo do sal mineral – explicou Alvim.
CNA
Custo com alimentação do rebanho pode minimizar recuperação de preços ao produtor
Foto:
Tadeu Vilani
/
Agência RBS