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 | 29/02/2008 17h36min

Negócios com países de fora da UE animam pecuaristas

Produtores comemoram a liberação da compra de material genético da Índia

Marcelo Lara  |  reportagem@canalrural.com.br

Enquanto os técnicos europeus percorrem as fazendas no Brasil, colocando em cheque a sanidade do rebanho, outros países como o Panamá fecham acordos para compra de tecnologia na pecuária, como embriões com genética apurada. No topo dos maiores produtores de carne do mundo, o país também comemora a liberação da compra de material genético da Índia para seguir no melhoramento do rebanho nacional. A última importação de animais foi feita em 1962.

O maior rebanho comercial do mundo está no Brasil. O responsável por isso é a raça zebuína, que tem como berço o país asiático. Os pecuaristas brasileiros acertaram quando apostaram nos animais que os indianos usavam como força motriz para tração na agricultura. A liberação para importar embriões dará a possibilidade de resgatar novas linhagens puras, que na Índia podem se perder com a mudança de conceitos e necessidades daquele país.

– Eles começaram a cruzar o zebu com o gado europeu, e a genética pura começa a ficar composta, mestiça, e podemos perder excelentes animais, que podem contribuir para novas alternativas de melhoramento do nosso rebanho – disse José Olavo Borgens Mendes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Para o presidente da ABCZ, o trabalho logístico que está sendo feito com o Ministério da Agricultura irá eliminar qualquer risco sanitário na importação de material genético dos indianos.

– Estamos montando uma estrutura em uma ilha do litoral paulista para fazer um quarentenário destes embriões – disse Mendes.

Se de um lado o Brasil importa genética da Índia e a pecuária avança, por outro vendemos um pacote de tecnologia para mais de 30 países. Nesse “kit” que vem ganhando reconhecimento internacional, estão produtos veterinários, sementes para pastagem, animais vivos, embriões e sêmen. Fruto de um trabalho que começou em 2003 através da Brazilian Catle, um consórcio vinculado à ABCZ, com sede em Uberaba (MG), que hoje reúne 18 empresas. No ano passado, a entidade movimentou US$ 60 milhões em exportações.

O acordo ainda nem foi assinado, mas já anima o setor. Em Março, no Panamá, o ministro da Agricultura panamenho, Guillermo Salazar, irá formalizar o acordo e depois virá ao Brasil durante a Expozebu para afinar ainda mais as relações. Para os próximos três anos, só em compra de sementes para pastagem, o movimento pode passar de US$ 20 milhões.

De acordo com Gerson Simão, gerente de Relações Internacionais da Brazilian Catle, o ponto forte será a venda inicial de 150 mil doses de sêmen e dois mil embriões. 

– É apenas o começo de uma nova fase.

Ele explica que o Panamá, sendo um país livre de febre aftosa sem vacinação, pode se tornar um porto seguro para o Brasil, com logística para abrir novos mercados e atestando a credibilidade dos produtos brasileiros.

– Os europeus ficam nos questionando com atitudes protecionistas, mas estamos provando que temos um trabalho sério por aqui, e outros países estão percebendo isso. Estão abrindo novas possibilidades lá fora – afirma Simão.



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