| 22/01/2008 17h46min
Pecuaristas de Mato Grosso do Sul reclamam das exigências e pedem mudanças no novo Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). No Estado com o segundo maior rebanho bovino do país, o número de animais cadastrados até o momento não são nada animadores e já preocupa o Ministério da Agricultura.
Com os mercados consumidores cada vez mais exigentes, a adesão ao Sisbov tornou-se obrigatória para os produtores que querem exportar carne bovina. Cinqüenta e quatro países, ente eles os que compõem a União Européia, exigem a rastreabilidade na hora de comprar o produto. Mas para a maior parte da classe produtora, é preciso modificar o sistema para que ele se torne mais acessível aos pecuaristas. O setor reclama das regras mais rigorosas, que incluem a identificação individual de 100% dos animais da propriedade. A burocracia no processo de rastreabilidade é considerada o principal obstáculo para a adesão ao novo
modelo.
– É completamente inviável para o pecuarista atender às exigências do novo Sisbov – disse o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Dácio Queiroz.
– Uma solução seria trabalhar com as informações do Serviço de Controle Sanitário Estadual, que serve como base do histórico sanitário de cada animal, defendo uma certificação por propriedade e não por cada bovino – afirmou Cyl Farney, veterinário da Famasul.
A insatisfação dos pecuaristas é confirmada em números. Em Mato Grosso do Sul apenas 3,5 milhões de bovinos foram cadastrados no novo Sisbov, cerca de 15% do rebanho total do Estado. A quantidade de propriedades certificadas também é baixa, 1,4 mil, o que representa menos de 20% do que era esperado pelas autoridades locais.
– Realmente, o número foi muito aquém do esperado, e a preocupação do Ministério é que com este número serão tratadas as negociações com a União Européia – disse Orlando Baez, superintendente
Federal de Agricultura-MS.
A
baixa adesão ao novo Sisbov é uma realidade em todo o país. Até 31 de dezembro, quando terminou o prazo para a transferência do antigo para o novo modelo, aproximadamente 16 milhões de animais foram cadastrados, pouco mais de 20% dos 76 milhões registrados no modelo antigo.
Para o pecuarista Mário Pompeu, que já rastreou todo o rebanho de 1,6 mil animais, o novo sistema de rastreabilidade é bom. Ele está cumprindo as exigências do Sisbov.
– As regras ficaram mais exigentes, mas isso vai trazer vantagens para o pecuarista, que irá produzir animais com mais qualidade, e assim poderá conquistar preços melhores no futuro – estima o pecuarista.
O Mato Grosso do Sul possui o segundo maior rebanho bovinho do país
Foto:
Raquel Heidrich
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Agência RBS