| 23/12/2007 11h30min
Pelo menos 300 famílias ribeirinhas dos municípios da Mesorregião do Alto Solimões, na Amazônia, que antes viviam da agricultura e pesca de subsistência, hoje, com apoio do Sebrae/AM e parceiros, encaram a atividade como fonte de emprego e geração de renda local. Em três anos de trabalho, a produção de pescado atingiu cerca de 2,8 mil toneladas, a maioria peixe liso (surubim e outros bagres), com uma renda bruta total de aproximadamente R$ 9 milhões, no mesmo período.
As estimativas são da Unidade de Atendimento Coletivo Comércio e Desenvolvimento Sustentável (UACDS) do Sebrae Amazonas, com base em pesquisa feita pela Docha & Episteme Consultoria, no período de agosto de 2006 a julho de 2007. A UACDS é responsável pela execução do projeto Pólos de Produção de Pescado no Alto Solimões do Sebrae Amazonas, que desde de 2005 oferece treinamento, capacitação e consultoria para 308 pescadores da localidade.
A produção é feita pela pesca extrativa no Rio Solimões e afluentes, e 90% da comercialização ocorre em Letícia, na Colômbia, por ser um centro comercial mais próximo que a capital do Estado (distante mil quilômetros por via fluvial) e onde o peixe 'liso' tem boa aceitação, segundo apontou pesquisa de mercado feita pelo Sebrae Amazonas em 2005.
A pesquisa da Docha & Episteme Consultoria mostrou que, de agosto de 2006 a julho de 2007, as famílias produziram em torno de 900 toneladas de pescado e tiveram uma renda bruta mensal de R$ 900 por família.
– Essa média vale para os três anos do Projeto. Essa produção e ganho estão sendo mantidos. Esperamos que em 2008 os resultados sejam ainda mais positivos, com a entrega de frigoríficos pela Secretaria de Estado da Produção Rural, nos quais será feito o beneficiamento do pescado para a comercialização por meio de cooperativas – disse a gestora do projeto, Maria José Albuquerque.
O projeto é desenvolvido em dois pólos de trabalho englobando sete cidades do Alto Solimões. São elas: Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Amaturá e Tonantins. O objetivo é promover a cultura da cooperação nas comunidades locais para facilitar a inserção delas no mercado de pesca e conta com a parceria do Ministério da Integração Nacional e governo do Estado do Amazonas.
O secretário de Estado da Produção Rural, Eron Bezerra, disse que o Projeto incrementa o trabalho da Secretaria no adensamento da cadeia produtiva do pescado, evitando o contra-bando da pesca na região e agregando valor ao pescado extraído dos rios pelas comunidades. O secretário informou que entre as ações previstas da Secretaria para o próximo ano no Alto Solimões estão a construção de dois frigoríficos, uma fábrica de beneficiamento de pescado, 12 flutuantes e dois barcos coletores.
– Nós entramos com a infra-estrutura necessária e o Sebrae com o treinamento e capacitação dos pescadores para que os recursos disponíveis sejam aproveitados da melhor maneira possível – disse Eron Bezerra.
A gestora do Projeto, Maria José Albuquerque, informou que o Sebrae está encerrando sua participação no Projeto por ter cumprido o tempo e as ações previstas.
– No entanto, houve manifestação quanto à continuidade do Sebrae no projeto e poderemos atender as demandas dos pescadores, caso haja solitação por parte da cooperativa. A Sepror, responsável pela infra-estrutura prevista no Projeto vai permanecer – afirmou a gestora.
Segundo o consultor do Projeto, Douglas Mousse, o sucesso alcançado pelos pescadores é resultado da própria experiência que eles tiveram com a comercialização e a análise das variáveis de mercado em função do assessoramento feito pelo Sebrae Amazonas.
A Mesorregião do Alto Solimões, área que é do tamanho do Estado do Ceará (cerca de 214 mil quilômetros quadrados), compreende nove municípios do Estado do Amazonas: Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Jutaí e Fonte Boa, situados na fronteira com Peru e Colômbia. Possui um vasto patrimônio ambiental e humano e é marcada por acentuada diversidade cultural e étnica, uma vez que convivem ribeirinhos de três nacionalidades (brasileira, peruana e colombiana).
Para o superintendente do Sebrae/AM, José Carlos Reston, é sempre um desafio levar projetos de desenvolvimento para áreas como o Alto Solimões, onde as condições naturais impõem obstáculos de transporte, comunicação, entre outros.
– A Região Amazônica como um todo é rica, mas para explorá-la é preciso vontade, consciência ambiental e respeito aos povos do lugar. O Sebrae, dentro da sua missão, procura levar desenvolvimento e qualidade de vida para essas regiões – avalia Reston.
Segundo o último Censo populacional, o Alto Solimões possui cerca de 200 mil habitantes e seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) varia de 0,52 a 0,7, nível considerado médio. O IDH é uma medida comparativa que avalia os níveis sociais de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade, entre outros, de determinada localidade.
SEBRAE