| 19/12/2007 21h12min
O Brasil não conseguiu escapar de uma severa restrição a suas exportações da carne bovina para um dos mercados mais ricos do mundo, o da União Européia (UE). O segundo maior setor do agronegócio brasileiro corre o risco de sofrer perdas importantes em 2008. Nesta quarta-feira, as autoridades veterinárias européias aprovaram uma nova lei limitando o número de fazendas no Brasil que terão o direito de exportar para o mercado dos 27 países do bloco.
Antes da votação, o comissário para Assuntos de Saúde Animal da UE, Markus Kyprianou, apresentou sua proposta aos demais comissários do bloco. A medida coloca uma "batata quente" nas mãos do governo brasileiro, que terá de escolher, habilitar e fiscalizar as fazendas que terão o certificado exclusivo para vender a carne para a UE. Segundo a missão do Brasil em Bruxelas (Bélgica), das 10 mil fazendas no Brasil que podiam exportar carne, apenas 300 conseguiriam ser habilitadas. A UE evitou dar números, mas confirmou que o impacto seria grande.
— A
queda no número de propriedades que poderão exportar será significativa — afirmou a porta-voz da Comissão Européia, Nina Papdoulaki, que no início da semana passada havia afirmado a instauração da sanção.
A nova restrição ocorreu como resultado de mais de dois anos de debates entre a Comissão e o governo. Os europeus vinham alertando o Brasil de que, com o atual sistema de controle do gado, as exportações não poderiam ser mantidas. Em novembro, uma missão de veterinários foi enviada ao país e constatou que todas as promessas do governo de reformar o sistema não ocorreram.
Deficiências
Segundo a UE, a inspeção revelou "sérias e repetidas deficiências no sistema de rastreabilidade e saúde animal do Brasil". Entre os problemas estão a falta de controle sobre movimento do gado e identificação dos animais.
— Apesar dos vários alertas feitos pela Comissão após as inspeções realizadas anteriormente, as
autoridades brasileiras fracassaram em adotar medidas apropriadas
para corrigir os problemas e atender às exigências européias — afirmou um comunicado da UE, lembrando que várias chances foram dadas ao Brasil para que a restrição não fosse aplicada.
A partir de 31 de janeiro de 2008, apenas a carne das propriedades aprovadas poderá entrar no mercado europeu. Em 2006, a UE consumiu 38,5% das exportações de carne do Brasil, cerca de US$ 1,5 bilhão. Até novembro deste ano, as vendas de carne bovina para o mercado mundial tinham batido a marca de US$ 4,5 bilhões, 15% acima do valor de 2006.