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 | 13/12/2007 19h46min

STF tem 14 ações contra transposição do rio São Francisco

Antes de decidir, órgão precisa ainda julgar duas deliberações provisórias

As obras de transposição do rio São Francisco são contestadas por 14 ações no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o Ministério Público. Os processos estão sob a relatoria do ministro Menezes Direito, que os herdou do ex-ministro Sepúlveda Pertence.

Uma das ações mais recentes é de autoria da seccional de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade alega que o desvio de parte da água do rio está sendo imposto, o que ignora a participação popular na gestão da Bacia do São Francisco e traz riscos para o futuro.

Antes de decidir o mérito dessas ações, o STF tem de julgar duas deliberações provisórias. Em uma delas, a Procuradoria-Geral da República pede a suspensão das obras por supostas irregularidades em estudos ambientais e na realização de audiências públicas.

A segunda deliberação que o STF precisa julgar é a liminar concedida na segunda, dia 10, pelo Tribunal Federal da 1ª Região que determinou a paralisação dos trabalhos. A Advocacia-Geral da União (AGU) está preparando o recurso ao Supremo. Nos dois casos, porém, não há prazo para a decisão.

Por meio de nota, a secretária-geral de Contencioso da AGU, Grace Maria Fernandes Mendonça, afirmou que a discussão não é nova no STF e que a União já conseguiu suspender várias liminares anteriores concedidas por tribunais de primeira e segunda instâncias.

Em 19 de dezembro do ano passado, o então ministro Sepúlveda Pertence rejeitou as liminares requeridas em 10 ações cíveis. Apesar disso, a promotora Luciana Cury, coordenadora das Promotorias de Justiça da Bacia do São Francisco, alega que a discussão agora é diferente.

Segundo Luciana, os pedidos de liminares rejeitados diziam respeito ao licenciamento ambiental, quando Sepúlveda alegou não haver ainda risco de danos concretos. No entanto, com a concessão da licença de instalação para as obras, o governo teria descumprido determinações e cometido outras falhas.

– A decisão do ministro Pertence não mostra que o STF concorda com ilegalidades que estão sendo cometidas no projeto. Demonstra, sim, que a corte não apreciou ainda a matéria no mérito – disse Cury.

De acordo com a promotora, o projeto de transposição apresenta blocos de irregularidades: violações constitucionais, omissões relevantes quanto ao impacto ambiental, realização de audiências públicas fora da Bacia do São Francisco, e aprovação irregular das obras pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, sem que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco tenha avaliado um recurso que contesta as obras.

De 2004 a 2006, quando o projeto permaneceu embargado por liminares, a promotora acredita que o governo federal poderia ter feito adequações. Ela considera a greve de fome do Bispo de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, uma manifestação de alguém que conhece as comunidades da região do São Francisco.

– Ele luta por uma causa que tem ligação com aquilo que o Ministério público defende, que é o meio ambiente e a vida. É importante que se tenha uma solução que venha a contemplar a todos.

AGÊNCIA BRASIL

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