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 | 10/12/2007 08h33min

Transporte escolar rural é precário em vários municípios, revela pesquisa

Frota do Nordeste tem 60% dos ônibus inadequados para uso

A situação do transporte escolar rural é precária em muitos municípios do país, de acordo com pesquisa inédita encomendada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e realizada pela Universidade de Brasília (UnB).
 
Segundo a pesquisa, 40% dos municípios brasileiros responderam a um questionário que mostrou que atualmente mais de 4 milhões de alunos do ensino fundamental utilizam esse tipo de transporte para chegar à escola. O transporte é de graça, mas o problema é a situação dos veículos: antigos e mal conservados. A média de idade da frota brasileira que leva crianças à escola é de 16 anos.
 
O aluno Fábio Júnior Silveira de 18 anos, é morador da zona rural da cidade de Jaíba, no norte de Minas Gerais, e depende do transporte escolar. Fábio é um dos alunos que mora mais perto da cidade e o percurso de sua casa até a escola dura uma hora e meia.
 
– Eu levanto às 4h da manhã, chego na estrada às 6h e o ônibus já está passando. Faltam vidros, cadeiras e os alunos vêm mais em pé do que sentados – afirma.
 
Pesquisadores da UnB visitaram 16 municípios de todo o país para ver de perto o que haviam constatado no levantamento. Eles puderam verificar que a falta de segurança também é um grande problema.
 
O coordenador-geral do Programa de Transporte Escolar do FNDE, José Maria Rodrigues, afirma que a realidade de muitos municípios é ainda pior. Em alguns lugares, as crianças chegam à escola de motos, charretes, carroças, caminhões, camionetes e até a cavalo. No Nordeste, esse tipo de transporte escolar é ainda mais comum.
 
– Essa pesquisa nos deu um retrato muito ruim do serviço de transporte escolar no Brasil. Além disso, os veículos considerados inadequados representam 27% do transporte e no Nordeste, esse número chega a 60% – garante.
 
A diretora da escola estadual Zoé Machado em Jaíba, Maria Ivanete Dias, contou que devido à falta de segurança dos ônibus escolares, três alunos morreram em um acidente em 2005:
 
– Os ônibus não têm janelas, precisam colocar madeirite no lugar, também não têm cadeiras para os meninos sentarem. Fico receosa de acontecer um acidente como já ocorreu em 2005, quando os alunos foram fazer uma prova do Exame Nacional do Ensino Médio (o Enem) e três  morreram pois o ônibus virou porque estava muito cheio.
 
O coordenador afirma que a partir do próximo ano, a expectativa é de que 7 milhões de alunos sejam atendidos pelo Programa de Transporte Escolar. Ele informou que a pesquisa servirá de base para definir ações de melhoria do transporte em todo o país. José Maria Rodrigues disse ainda que uma das iniciativas que podem mudar essa realidade é o programa Caminhos da Escola, lançado neste ano pelo Ministério da Educação.

AGÊNCIA BRASIL

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