| 30/11/2007 12h47min
O aumento da inflação em outubro no Japão, anunciado nesta sexta-feira, dia 30, e que marca a primeira alta de preços do ano no país, mostra uma leve recuperação do consumo interno que contrasta com a incerteza econômica dos mercados internacionais.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) cresceu 0,1% no país no último mês, um aumento significativo para uma nação que viveu sob o fantasma da deflação até quase um ano atrás, quando o Governo deu por encerrada a crise que afetou a economia nos anos 80.
Por trás desta alta dos preços está o aumento do consumo interno, responsável por 55% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e que no último período do ano começa a mostrar sinais de recuperação.
Em nível doméstico, as famílias japonesas aumentaram 0,6% as suas despesas em outubro em relação a setembro, principalmente nos produtos relacionados com o setor educativo, além de saúde e decoração de interiores, afirmou o governo.
No entanto, o Ministério da Economia japonês se mantém prudente e considera que a tendência de alta dos últimos meses não é ainda suficientemente sólida para mudar sua avaliação oficial da despesa familiar de "estável" para "crescente".
As vendas empresariais, outro indicador da demanda interna japonesa, oferecem menos dúvidas às autoridades.
Cosméticos, tabaco, remédios e automóveis lideraram o aumento das vendas no varejo em outubro. Para o governo, essa alta mostra "sinais de recuperação" pela primeira vez desde abril de 2005.
Por sua parte, o comércio no atacado continuou o seu crescimento em outubro, pelo 27º mês consecutivo, devido à demanda industrial de metais e minerais.
O otimismo no consumo também ocorre devido à manutenção dos baixos níveis de desemprego no Japão, de apenas 4%, uma porcentagem considerada natural pela maior parte dos economistas, associada ao tempo que uma pessoa leva para encontrar um emprego num mercado com mais oferta que demanda.
Esta leitura positiva da segunda potência econômica mundial poderia propiciar uma nova alta das taxas de juros japonesas, que estão em 0,5% desde fevereiro. Até julho de 2006, as taxas de juros no país eram de 0%.
O Banco do Japão (BOJ) continua atento ao nível de consumo interno, baixo durante grande parte do ano e um dos motivos de disputa do comitê monetário da entidade emissora antes de decidir por uma alta nos juros.
As taxas de juros japonesas são muito mais baixas que nas outras grandes regiões econômicas, como Estados Unidos (4,50%) e União Européia (4%).
Juros baixos incentivam o consumo, já que acabam desmotivado a poupança, favorecendo a inflação e contribuindo para enfraquecer a divisa do país, o que deixa as exportações mais baratas e encarece as importações.
No entanto, a crise financeira originada pela inadimplência das hipotecas de alto risco nos EUA, que contagiou as bolsas internacionais, acabou valorizando o iene frente à moeda americana acima dos interesses das multinacionais japonesas, que vêem os seus produtos encarecerem.
A incerteza nos mercados financeiros e a depreciação do dólar se transformaram em fatores que desanimaram qualquer alteração nos juros japoneses.
Recentemente, o ministro porta-voz japonês, Nobutaka Machimura, apostou no fortalecimento do iene para aumentar "o valor do Japão".
O certo é que no terceiro trimestre do ano a economia japonesa acabou com as dúvidas sobre sua capacidade de crescimento, com uma alta de 2,6% no PIB, distante da contração de 1,6% registrada entre abril e julho.
Entre julho e setembro, as exportações japonesas aumentaram 2,9% e as importações 0,5%, levando à alta do superávit da balança comercial.
AGÊNCIA EFE