| 12/11/2007 06h24min
Assim como em 2007, o dólar deverá continuar em queda em 2008, de acordo com algumas das principais instituições financeiras do país. Nos primeiros meses do ano, a média das projeções indicava que a moeda custaria R$ 2,20 em dezembro. As últimas estimativas são de uma cotação máxima de R$ 1,80, e há quem anteveja uma desvalorização do dólar mais radical, com a moeda valendo R$ 1,50 na despedida do ano.
Diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco, Otávio de Barros projeta uma cotação de R$ 1,75 para dezembro de 2008, e vai além:
– Pelos próximos dois anos, dificilmente a cotação do dólar superará, de forma sustentada, R$ 2 – diz Barros.
O preço internacional de produtos básicos (commodities) e o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil ancoram a avaliação do economista. Nem mesmo a crise do mercado imobiliário norte-americano (subprime) deverá inverter a tendência das cotações em relação ao real.
– A crise até agora não afetou as commodities, que seguem uma lógica governada pela China. A liquidez internacional continua alta, e os países emergentes são alternativas seguras para investimentos porque estão crescendo mais – analisa o economista.
Os negócios brasileiros com a Ásia fortalecem o país em meio às turbulências, concorda o diretor da Quest Investimentos, Paulo Pereira Miguel, responsável pelas áreas de pesquisa macroeconômica e gestão de riscos da consultoria. O Brasil exibe um descolamento importante em relação aos problemas dos Estados Unidos, diz, referindo-se aos sucessivos recordes do mercado acionário local e à queda do risco-país e do câmbio.
– México, ao contrário, é um emergente como o Brasil, mas está muito ligado à dinâmica da economia dos EUA e, além disso, compete com a China pelo mercado norte-americano – compara Miguel.
Com maior demanda de commodities como energia, minério de ferro e produtos agrícolas, muda a percepção das possibilidades de futuro, elevando os investimentos e o otimismo de empresários, explica o consultor. Sua avaliação é de que o novo ambiente de negócios pode ser percebido no crescimento do número de empresas nacionais que passaram a negociar ações em bolsa de valores e no aumento dos fundos de investimentos. Até outubro, o mercado de capitais nacional registrou o equivalente a R$ 94 bilhões em emissões primárias (25% a mais do que no mesmo período de 2006), conforme dados do Bradesco.
Concessão de grau pode atrair mais dinheiro do Exterior
– Há interesse em projetos locais, como usinas de açúcar, o que acaba acelerando investimentos porque o dólar, mesmo baixo, está estável no Brasil. Esse pano de fundo econômico deverá ser ainda mais importante no ano que vem – projeta Miguel, que não acredita em desvalorização significativa do real em 2008.
Segundo análise do diretor da Quest, o Brasil deverá obter o cobiçado investment grade (grau de investimento) ainda no primeiro semestre do próximo ano. Então, haverá
uma combinação capaz de manter as cotações em
patamares baixos: o Brasil será um país com baixo risco para investidores e com uma taxa de juro que garantirá um dos melhores retornos do planeta. Por isso, não descarta a possibilidade de haver uma nova avalanche de dólares para o território verde-amarelo.