| 12/11/2007 06h20min
Há duas semanas, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, aproveitou uma reunião de deputados do PT para fazer uma reclamação:
– Meu ministério cuida de 50 milhões de brasileiros, mas não tem espaço físico na Esplanada.
Os 1.255 servidores sob o comando de Patrus foram distribuídos em cinco prédios diferentes, dois deles na parte frontal da Esplanada dos Ministérios, um nos fundos, um no Setor de Embaixadas Sul e outro no Setor de Autarquias Norte, no imponente Palácio dos Transportes, sede do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT). A queixa de Patrus é comum a seus colegas, todos eles envolvidos numa silenciosa disputa fundiária por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.
A guerra por espaço existe desde que o conjunto de 17 prédios foi construído, ainda nos anos 60. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a disputa se agravou, pois houve um inchaço no número de ministérios e de secretários com status de ministros. No total, são 37.
A maior concentração de ministérios e secretarias se encontra no Bloco A da Esplanada, o primeiro abaixo da Catedral de Brasília. Por ter tantos condôminos, o Bloco A é conhecido por Cortição, embora também seja chamado de Torre de Babel e de Balança-mas-não-cai - lá estão instalados os ministérios das Cidades, do Desenvolvimento Agrário e dos Esportes e as secretarias de Comunicação Social e de Igualdade Racial. O conflito no Cortição foi tão grande no início do governo que o presidente Lula nomeou síndico do prédio o então ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz.
Em junho, quando foi indicado ministro da Secretaria de Longo Prazo, o sociólogo Mangabeira Unger saiu à cata de um espaço nobre. Esperneou até arranjar lugar no prédio do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Mas com a rejeição do Senado à pasta de Unger, o presidente o nomeou para um posto que já existia, o de secretário do Núcleo de Assuntos Estratégicos. Unger conseguiu três andares no Comando do Exército. Após passarem por reforma, as salas serão ocupadas em dezembro.
Com a carência de espaço, o Ministério do Planejamento gasta R$ 380 milhões com aluguéis ao ano. Secretário-adjunto do Patrimônio da União, Jorge Arzabe diz que o problema não tem solução a curto prazo.
– Por isso, todos são chamados à razão, para não dizer mais, "este é meu prédio" – ressalta.
ZERO HORA