| 10/11/2007 11h07min
A descoberta de novas áreas de extração de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos, anunciada nessa sexta-feira, dia 9, pela Petrobras, pode aumentar em mais de 50% a atual reserva brasileira defendeu o pesquisador da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Giuseppe Bacoccoli.
– O Brasil está de parabéns, a Petrobras, nós todos estamos de parabéns. Começar a falar em cinco a oito bilhões de barris de óleo equivale a 50% da reserva brasileira. Ou seja, é aumentar a reserva brasileira em mais de 50% – afirmou o pesquisador que classificou a descoberta de "fantástica".
Bacoccoli acompanha há cerca de três anos os dados geológicos e geofísicos do campo de Tupi e viu o Brasil tornar-se auto-suficiente na produção de petróleo.
– E agora, estamos com a perspectiva de não só mantermos essa auto-suficiência mas tornar o país um exportador de petróleo.
Segundo ele, "pelo andar da carruagem", essa possibilidade vai se confirmar.
Ele explicou que essa é uma situação nova para o Brasil:
– Furar um poço a uma profundidade de seis mil metros não é brincadeira. É um negócio caro, que exige alta tecnologia. É um negócio complicado, mas foi altamente compensador.
Segundo Bacoccoli, também foram beneficiados os sócios da Petrobras na região, ou seja, investidores britânicos (British Gás) e portugueses (Petrogal), que possuem, respectivamente, 25% e 10% das jazidas no campo de Tupi.
A Petrobras é a operadora, com 65% de participação no empreendimento. De acordo com o pesquisador, se for confirmada a produção em Tupi de oito bilhões de barris de óleo, isso significaria dois bilhões de barris na mão dos ingleses, que detêm 25%.
– Se calcularmos o barril a US$ 100, nós estamos falando em US$ 200 milhões. Não é pouca coisa não.
Ele analisou ainda que a retirada de alguns blocos próximos ao campo de Tupi, anteriormente programados para figurar entre as áreas oferecidas no leilão de exploração de petróleo marcado para o fim deste mês, pode limitar a atuação internacional no Brasil e afastar potenciais investidores do leilão.
– É péssimo. Está ficando a sensação de que está havendo uma onda, dentro da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) e de alguns diretores da estatal, no sentido do retorno à situação de monopólio. É retrocesso o setor brasileiro do petróleo ser fechado.
De acordo com o pesquisador, esse tipo de medida repercute junto às multinacionais do setor e o Brasil pode ficar conhecido como um lugar onde não há segurança no planejamento e no investimento futuro. O mesmo movimento de risco é observado em outros países da América do Sul, lembrou Bacoccoli, citando os casos da Venezuela e da Bolívia, que investiram na reestatização de suas riquezas.
O pesquisador da UFRJ informou que por conta da ameaça aos investimentos no setor, a Esso já está
vendendo todos os seus ativos no
continente sul-americano. Ele analisa que o exemplo pode vir a ser seguido pela Shell.