| 05/11/2007 06h36min
Com três décadas de experiência no uso do álcool como substituto de derivados de petróleo, o Brasil pode se considerar privilegiado para enfrentar um cenário de cotações a US$ 100 por barril. No entanto, o país começa a temer a volta da crise energética.
– Do ponto dos biocombustíveis, o Brasil hoje está muito blindado a choques de preço de petróleo. O que complica é que está desabastecido de gás natural – lamenta Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
No cenário das alternativas possíveis e imediatas ao petróleo, o Brasil é uma exceção no mundo.
– No Brasil, já se fala em substituir até 40% da gasolina por etanol. Jamais seria possível isso nos EUA. O milho usado lá para fazer etanol ficou caro, não há área para plantar mais – diz Giusepe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ.
Mesmo com o privilégio dos biocombustíveis, o Brasil enfrenta um cenário interno de preços crescentes de energia elétrica, segundo Bacoccoli. O ensaio de racionamento de gás natural da semana passada resume a fragilidade do sistema. Mesmo que a temporada de chuvas no Sudeste volte a encher os reservatórios das hidrelétricas, em abril de 2008 poderá haver sustos, adverte Pires:
– Se não chover nada e o Brasil continuar crescendo, podemos ter quadro semelhante ao da Argentina, que teve de racionar eletricidade e gás este ano.
Mesmo que isso não ocorra, só o cenário com preços de energia em alta, se o petróleo continuar caro e não houver investimentos no setor elétrico, poderá perturbar o crescimento.