| 30/10/2007 06h39min
Na investigação sobre esquema de caixa 2 supostamente comandado por Zeca do PT, que governou Mato Grosso do Sul de 1999 a 2006, o Ministério Público apreendeu livro com anotações de possíveis pagamentos mensais a políticos.
O esquema, segundo o Ministério Público, desviou R$ 30 milhões em verbas de publicidade durante o governo de Zeca do PT. A suspeita dos promotores é de que o dinheiro desviado tenha sido usado para pagamento aos parlamentares citados no livro. Os pagamentos mensais teriam ocorrido de agosto de 2004 a abril de 2005.
Raufi Marques, ex-secretário de governo de Zeca do PT, disse que pediu a sua então secretária e ordenadora de despesas, Salete Terezinha de Luca, que fizesse as anotações. O livro foi apreendido na casa de Salete. Raufi afirma, porém, que as anotações se referiam a campanhas eleitorais e à disputa pela direção estadual do PT.
– Não tinha nada a ver com o governo. Preciso analisar para ver a que se referem – disse.
Por causa do suposto esquema, o ex-governador foi denunciado pelo Ministério Público por peculato (desvio de dinheiro público) em duas ações diferentes. Nessa segunda-feira, dia 29, a Justiça Estadual aceitou ambas.
O promotor Marcos Antônio Martins Sottoriva disse que encaminhou o livro com anotações à Procuradoria-Geral da República, que pode pedir ao Supremo Tribunal Federal investigação contra parlamentares - com foro privilegiado, não podem ser investigados em nível estadual.
Conforme a denúncia, Zeca do PT e Raufi Marques pediam à funcionária do governo Ivanete Leite Martins que procurasse agências de publicidade que tivessem contratos públicos para "levantar dinheiro".
Após não conseguir ajuda de petistas para conseguir emprego e fazer o tratamento de saúde da mãe, Ivanete procurou a imprensa no início do ano para revelar o suposto esquema. Segundo ela, agências de publicidade apresentavam orçamento falso para prestar os serviços encomendados pelo governo, como
confecção de cartilhas educativas. O
trabalho não era feito, mas gráficas em acordo com as agências apresentavam notas frias para cobrar pelo serviço - segundo a Promotoria, com o conhecimento de Zeca do PT. O governo pagava pelo trabalho. A agência ficava com 15% do valor e a gráfica com até 17%. O restante voltaria ao gabinete do governador em esquema de caixa 2.